terça-feira, 5 de outubro de 2010

Prós e Contras da República

«Com que direito perguntam ao Partido Republicano por um programa? A monarquia em Portugal tem sido isto: a incompetência, o impudor, a opressão. A estes três artigos de fé compreende-se que não houvesse senão um acto de caridade a contrapor por homens que não viam ideias a combater, mas atentados a punir: a demolição sumária do regime». (Basílio Teles)

Na véspera da comemoração do Centenário da República, Prós e Contras (4 de Outubro) deu ontem voz à História: Fátima Campos Ferreira moderou um debate entre historiadores - António Reis, Fernando Rosas, Fernando Catroga e Fernanda Rollo, no palco, e Alice Samara, António Matos Ferreira, José Miguel Sardica, Amadeu Carvalho Homem e Miguel Freitas da Costa, na plateia. O quadro de Remedios Varo - Modernidade (1936) - ajuda a compreender a desilusão provocada por este debate entre historiadores na mente daqueles ouvintes inteligentes que procuram elaborar um projecto de futuro para Portugal: o comboio do pensamento de rigor passou ao lado deste triste e pobre debate entre historiadores. Fernando Catroga monopolizou de tal modo a palavra neste debate que o que fica dele é a sua concepção anti-económica e anti-filosófica da História, com a qual Fernando Rosas discorda: um modo de fazer história que, além de desvirtuar o passado, usa arbitrariamente os conceitos, evocando uma ética republicana inexistente e misturando pensamentos políticos tão dispares como os de Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu. Na ausência de um fio condutor, capaz de ajudar a compreender o sentido da História de Portugal, sobretudo da História da República desde a sua implantação no dia 5 de Outubro de 1910 (José Relvas), prefiro reconduzir para dois textos já editados neste blog: Repensar a República e Reinventar a Sociedade Portuguesa.

J Francisco Saraiva de Sousa

1 comentário:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

«O português não quer interpretar o mundo nem a vida, contenta-se em vivê-la exteriormente; e tem, por isso, um verdadeiro horror à Filosofia, imaginando encontrá-la em tudo o que não entende. Daí a sua incapacidade construtiva de novas verdades que representam o móbil superior do Progresso». (Teixeira de Pascoaes)