quinta-feira, 29 de maio de 2008

Portugal e a Questão Judaica

«O Judeu está em situação de Judeu porque vive no seio de uma comunidade que o tem como Judeu». (Jean-Paul Sartre)
A questão judaica ainda não foi estudada em Portugal: a única obra que merece algum crédito é a de António José Saraiva, "Inquisição e Cristãos-Novos". Esta obra gira em torno de duas datas terríveis da História de Portugal: 1496 quando D. Manuel seguiu o exemplo dos Reis Católicos (1492) e ordenou a expulsão de todos os judeus, tanto os castelhanos como os portugueses, e 1531 quando D. João III pediu ao papa a licença necessária para a organização da Inquisição em Portugal, bula concedida em 1536. A tese de António José Saraiva é a de que os judeus foram "assimilados", dando origem aos "cristãos-novos" ou "marranos". Contudo, a Inquisição revela que a assimilação não conseguiu extinguir a prática do judaísmo, porque muitos judeus, convertidos à força, continuavam a ser judeus por dentro ("criptojudeus") e, num momento em que o Estado vivia com dificuldades económicas, as suas grandes fortunas eram alvo da cobiça dos luso-reduzidos "cristãos-velhos". Antero de Quental tinha razão quando afirmou que a causa do atraso dos povos ibéricos residia na Igreja Católica: o judaísmo e o protestantismo foram religiões que fomentavam o novo modo de produção capitalista emergente (Max Weber), enquanto o catolicismo defendia a manutenção de relações de produção feudais. A expulsão dos judeus e a Inquisição são factores que ajudam a compreender o atraso estrutural de Portugal ou mesmo da Europa do Sul: a nossa história pode ser vista como a história de ladrões corruptos sediados em Lisboa.
O programa "O Lugar da História" da RTP2 tem tratado da questão judaica e, no episódio 16, abordou a diáspora dos judeus portugueses: a referência às comunidades de judeus portugueses de Hamburgo conhecida por "Jerusalém do Norte" e de Amesterdão reconduziu-me a um post anterior, onde acusava a inveja essencial portuguesa pela expulsão dos judeus de Portugal em 1496 e pela nossa periferia espiritual (e não apenas geográfica, como dizem os economicistas de hoje) na Europa. Na sequência do decreto de expulsão dos judeus assinado por D. Manuel em 1496, muitos cristãos-novos portugueses estabeleceram-se na Alemanha e na Holanda, entre outros países, e, em muitos casos, regressaram ao judaísmo nas nações que os acolheram. Em algumas cidades holandesas e alemãs, os cristãos-novos portugueses formaram comunidades fortes dedicadas ao comércio, mas também às artes e à cultura. A cidade de Hamburgo relembrou recentemente essa comunidade que se manteve até à II Guerra Mundial, homenageando os seus judeus de origem portuguesa. Alguns dos nossos judeus alemães regressaram a Portugal quando Hitler os perseguiu, estabelecendo-se na cidade do Porto e em Lisboa, outros foram para Israel, onde ajudaram a construir este novo país, assumindo altos cargos, sem perder contacto com velhas memórias portuguesas, ou para outros países, enquanto muitas famílias inteiras morreram nos famosos campos de extermínio nazi: a Solução Final, uma prática bem conhecida pelos luso-reduzidos cristãos-velhos portugueses que se mantêm no poder até hoje, plasmada no caso Apito Final.
A expulsão dos judeus de Portugal teve consequências nefastas no destino de Portugal, não só ao nível económico, atrasando o desenvolvimento capitalista, mas também ao nível cultural, deixando-nos sem um pensamento nacional original. Apenas vou referir alguns grandes nomes de judeus portugueses que, já no exílio, começaram a dar forma à filosofia "portuguesa":
Isaac Abravanel, pai de Leão Hebreo, dedicou-se a operações financeiras, à política e a escrever comentários ao Antigo Testamento. Segundo Carl Gebhart, ele foi considerado o «último grande comentador da Bíblia da Idade Média judaica».
Leão Hebreo nasceu em Lisboa em 1460, recebeu o nome de Jehuda Aberbanel e estudou medicina. Depois de terem sido expulsos da Península Ibérica, fixaram-se em Nápoles, onde Leão Hebreo entrou em contacto com a Academia platónica de Florença e, em colaboração com Pico de Mirandola, procurou elaborar uma síntese de Platão e Aristóteles, interpretando-os a partir de Averrois. Contudo, a sua visão do mundo inspirada nos gregos acabou por integrar elementos do misticismo judaico, elementos astrológicos e elementos da teoria macro-microcosmos, tal como fora exposto por Moisés Maimonides. Dessa síntese resultou a sua obra "Dialoghi d'Amore" (1535), onde expôs a sua visão do mundo. A obra é composta por três diálogos: o primeiro trata da essência do amor, o segundo do amor como energia cósmica (cosmologia) e o terceiro do amor como fundamento e objectivo do mundo (metafísica).
Oróbio de Castro e Samuel Usque. Apenas são referidos por Lopes Praça sem referências bibliográficas. O último escreveu "A Consolação às Tribos de Israel".
Abrahão Ferreira. Nasceu em Portugal e emigrou para a Holanda. Na sua obra "Porta del Cielo" (1655) tentou traçar o paralelo entre a teoria cabalística e a filosofia platónica. E, na sua obra "Epitome y Compendio dela Logica", tentou associar cabalística, platonismo e aristotelismo.
Samuel da Silva. Nascido em Portugal, exilou-se em Amesterdão, onde escreveu o "Tratado da Immortalidade da Anima" (1623). Seguindo parcialmente Platão, defende a tese oposta à aceite por Uriel da Costa.
Uriel da Costa. Falecido em 1640, escreveu esta obra, "Exame de tradicoens farisaicas conferidas com a lei escrita contra a immortalidade da alma", onde, seguindo o averroísmo latino, nega a imortalidade da alma. A obra de Samuel da Silva critica esta posição. Carolina Michaëlis, portuguesa de origem alemã, dedicou-lhe uma bela obra (1922).
João Serram. Nascido em Tavira, médico e professor de medicina, escreveu a obra "Mosaica Filosofica" (1602), em que tentou basear a Filosofia no Génesis.
E, finalmente, num plano superior e para além da inspiração platónica e neoplatónica, o nosso Espinosa.
Estes judeus portugueses, com excepção de Espinosa, foram renascentistas tardios do século XVII e ligados ao platonismo e ao neoplatonismo, embora alguns tenham tentado realizar uma síntese entre Platão e Aristóteles. Recorri à obra do alemão Lothar Thomas (1944), "Contribuição para a História da Filosofia Portuguesa", a única que merece confiança. As outras são nacional-reduzidas: A "História da Filosofia em Portugal" de Lopes Praça fornece bibliografia, mas omitiu estes pensadores portugueses. Também se podem consultar as obras de Pinharanda Gomes e de Barbosa Machado, escritas em chave cristã-velha e decadente. Quanto aos judeus em Portugal é melhor seguir autores estrangeiros, tais como José Amador de los Rios, Meyer Kayserling e André Chouraqui. Convém lembrar que o Padre António Vieira teve contactos com os nossos judeus no exílio (Holanda).
Infelizmente, ainda não temos bons estudos sobre estes pensadores originais portugueses judeus. Os que existem estão adulterados pelo sentimento de inveja nacional. Estes pensadores originais portugueses expulsos de Portugal viram a filosofia em conexão com a medicina, um aspecto muito curioso da nossa filosofia.
ANEXO. Já agora recomendo que veja hoje às 00:20 na RTP2 "O Lugar da História", dedicado a um judeu do Porto: "BARROS BASTO, O CAPITÃO MAL AMADO". "Neste Programa/Documentário biográfico sobre Artur Carlos de Barros Basto, capitão do Exército Português de origem judaica, nascido em 1887. Organizador e fundador da comunidade judaica do Porto, distingue-se no campo militar, na I Grande Guerra. Vivendo numa época de grande agitação política, assiste ao Regicídio, integrando a Carbonáia e a Maçonaria. Com a implantação do Estado Novo, torna-se um crítico do regime. Nos anos trinta, uma denúncia acusa-o de pederastia com alunos do Instituto Teológico Judaico, queixa não provada, mas que conduz à sua expulsão do Exército. Após a queda do "ancien" regime, a família tenta infrutiferamente a sua reabilitação, sem sucesso até hoje".
ANEXO. Quanto ao meu post inconcluso, "A Agonia do Homo Sexualis", verifico que nós homens estamos de acordo: Eu, o André LF e o Vítor Pimenta. No próximo mês, sai a versão final desse post.
J Francisco Saraiva de Sousa

46 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não sou especialista em filosofia portuguesa e, por isso, peço que este post seja visto como a tentativa de explicitar uma nova chave de leitura da História de Portugal e do pensamento português.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Devo acrescentar que estes judeus portugueses tinham uma belíssima concepção da "natura naturans", presente em Espinosa, aliás muito panteísta. Uma bela filosofia da natureza!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Olhando para este post, captei um conceito: a nossa filosofia portuguesa é uma filosofia do exílio, no sentido de ter nascido fora do território nacional, incluíndo nomes tais como Pedro Hispano (o único papa português), Francisco Sánchez e António Vieira.
Curiosamente, este conceito permite dar vida a um outro: mesmo em território português, a filosofia está exilada. Teixeira de Pascoaes e Sampaio Bruno viram isso, quando constataram que os portugueses odeiam o pensamento racional: a alma nacional é mentalmente preguiçosa e não gosta de metafísica. Existe uma ou outra Borboleta que sabe...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Outra faceta estrutural da filosofia portuguesa reside no facto de estar sediada no Norte/Porto: O Norte está exilado. Isto significa que as pessoas do Norte se sentem perseguidas pelos luso-reduzidos de Lisboa, a Invejosa Saloia. O saloio está associado a uma prática de exclusão das crianças filhas de judeus. Puro nazismo... D. Manuel é um precursor do nazismo: D. Manuel, o Nazi.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ui Como não permitir a anexação de alguns posts meus em sites porno?
Vou cultivar a pornografia!

E. A. disse...

Eu agora já n sou Borboleta, sou comentadora de ocasião: durante o ocaso, professo o ocasionalismo.
É uma nova ceita pós-moderna, "mentalmente preguiçosa", mas fisicamente activa.

Ah! E ainda bem que sublinha o facto de que é "homem", para o caso de alguém ter dúvidas, é sempre educado fazer-se notar.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Uma Papillon ocasionalista? Malebranche!
Claro que sou homem; o facto interessante reside nisto: estamos naturalmente de acordo, tal como as mulheres que comentaram.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Eu sou fisica e mentalmente activo! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Os reis da Noruega vieram visitar a grande cidade do Porto, para lhe desejar vitalidade. Mais uma bofetada aos luso-medíocres de Lisboa.
Nós bem podíamos alargar a nossa aliança à Noruega e deixar de ser controlados por Lisboa. O nosso sentido é o Norte da Europa...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A rainha da Noruega disse literalmente que o Porto era uma cidade vital e linda, mas precisava de cuidar dalguns edifícios.

Fantástico: Parece que estava a par do facto deste governo ir investir 400 milhões de euros na recuperação da ribeirinha de Lisboa, e 1 milhão de euros no Porto. Isto é uma vergonha nacional.

Os reis da Noruega estão a par da corrupção portuguesa: a cidade preferida deles é o Porto. Disseram que os nórdicos preferem a Invicta. Vinho do Porto, bacalhau, a pesquisa do cancro, etc.: marcas de qualidade do Porto, em cooperação com a Noruega.
Casa da Música, Museu de Arte Moderna/Serralves, Ribeira..., mais marcas de qualidade.

Quando o Norte acordar, não quer saber de Lisboa, a capital da corrupção e das conspirações, como mostra o caso Apito Final...

E. A. disse...

Os homens estão naturalmente de acordo no que diz respeito a considerar o sexo sem vínculo como algo sem interesse, ao passo que as mulheres consideram-no interessante?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Existem variações: os homens são mais propensos a ligações a curto prazo; as mulheres apostam mais nas ligações a longo prazo, o que não significa que não tenham sexo ocasional.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quantas mais mulheres engravidar, melhor para o homem. Ora, as mulheres engravidam de um e é mais complicado. Algumas raparigas pós-modernas acreditam que engravidam de vários ao mesmo tempo, mas carecem de mente esclarecida.

E. A. disse...

Hmmmm... então em que sentido diz que os homens concordam e as mulheres discordam sobre o seu texto?

Há mulheres que pensam que engravidam de vários ao mesmo tempo, como assim?

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Eu estava a falar dos comentários desse post.
São as miúdas novas que dizem isso. O ensino está mesmo em crise. :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Papillon sabia que as cadelas que gostaram de um cão podem engravidar de outro cão e os bichinhos (filhos deste último de que elas não gostaram) podem exibir características do cão preferido da cadela mãe?

Interessante este fenómeno de imprinting (hormonal?). Não tenho o estudo, li qualquer coisa, mas foi o meu orientador que me disse.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A cópula dos cães é complexa: ficam ligados depois de copular. Aauilo incha e não sai logo, como sucede com os humanos: variação quase instantânea.

E. A. disse...

Não sabia isso do "imprinting" e acho super interessante, nem imagino como isso possa suceder!

Tenho dois amigos que dizem que depois de se virem, conseguem continuar a copular, sem sair. Mas eu nunca conheci "directamente" o fenómeno.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, também acontece, mas não sabemos explicar esse fenómeno. Há casos ainda mais extraordinários, pelo menos são relatados. 2, 3, 4 vezes é relativamente fácil, sobretudo em idades novas... Depende do homem e de algo que ainda não conhecemos.

E. A. disse...

Sim, eles são novos. 24 e 28.

E. A. disse...

E são desportistas, karaté um e o outro kickboxing, n sei se terá a ver.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não, claro que não... :)

E. A. disse...

É excelente perceber tanto de sexualidade como o F.!
Obrigada!

E. A. disse...

Nós, os jovens, pensamos e falamos muito sobre sexo e nunca temos ninguém para tirar dúvidas residuais.

E. A. disse...

E mesmo na eventualidade de se "andar" com pessoas mais velhas, em geral, n percebem mais q nós.
Por isso, o Francisco e os seus blogues são uma preciosidade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Estava a ter uma meditação política: um novo projecto de social-democracia ou liberal-socialismo. Ou noutros termos: projecto político autónomo capaz de mobilizar os portugueses e levá-los a cooperar para libertar o presente e o futuro, sem esquecer o passado.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon

Não sei se viu o programa sobre o capitão Barro Basto: uma tragédia pidesca muito triste. A torre do tombo guarda os processos e seria interessante alguém estudá-los.

Viu a acusação de "pedofilia", como se diria hoje? Os poderes corruptos centrais usam esta estratégia para afastar os grandes homens, condenando-os à miséria. Isto ocorreu durante o Estado novo, sob chefia do ditador reles chamado Oliveira Salazar. Mas a democracia dos cravos ainda não o rehabilitou. Isto significa que poderes escuros do poder central contuniam a usar os procedimentos fascistas. QQuantos casos gritantes de injustiça existem em Portugal? Milhares...

Esta é face da corrupção que nos nega o futuro e, enquanto não for combativa, não posso aplaudir o 25 de Abril. Mesmo durante o fascismo a cidade do Porto era respeitada e temida: as forças de mudança e de iniciativa estavam cá vivas. Depois do 25 de Abril assistimos gradualmente a desertificação e à perda de poder, porque Lisboa quer engordar à custa do emagrecimento do Porto, levando os nossos capitais e impostos ou mesmo os nossos cérebros. Embora não tenha nascido e crescido na Invicta, aprendi a amá-la como o meu lar.

E não suporto a mediocridade e a conspiração: a conspiração lisboeta do Apito Final mete-me nojo. E, neste momento, até acredito no assassinato de Sá Carneiro. Perdi a confiança no poder central, eu e todos os portuenses e portistas. E o governo nada faz para desfazer esta cabala; pelo contrário, nega verbas. Os nossos empresários e autarcas e magistrados deviam ser mais tesos e saber fazer frente às cabalas invejosas de Lisboa.

Neste clima, podemos acreditar no processo da Casa Pia? Ou do Millenium/BCP? Ou das Universidades Particulares? Ou em tudo o que é dito pelos políticos de Lisboa? Não, já ninguém acredita no poder do Estado e na sua bondade. O Estado está contra nós os cidadãos. É isso que todos os portugueses pensam...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Bom Dia Papillon

Logo de manhã, fiquei intoxicado com as notícias do dia nos jornais. Passa-se efectivamente algo muito estranho e preocupante algures aí na capital: uma máfia? Começo a pensar que há por aí um bando mafioso com conexões a Nápoles.

E. A. disse...

Buoggiorno carissimo!
Questa farfalla sogna tutte le notte che vola felice sul Castello Dell'Uovo, a Napoli. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Pascal diz coisas muito interessantes, uma das quais é a de que o homem que perde o controle das suas paixões se torna uma besta. Hoje existem muitas bestas, umas mais encarnadas do que outras. A besta vermelha anda à solta em Portugal.

E. A. disse...

Meu querido F.,

O que Pascal faz é repetir o que Platão diz na República e o que Aristóteles diz na Ética Nicomaqueia.
Pascal é um ressabiado e dizia mal do meu Montaigne. :(

E. A. disse...

Mas a besta está sempre encarnada. Habita em nós sempre uma bestialidade que pode irromper inesperadamente e devassar tudo. É o "mistério do mal".

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O Mal Humano! O problema sempre foi esse, mas o discurso das ciências sociais tentou neutralizar esse problema, como se tudo fosse um produto da sociedade, susceptível de ser resolvido com medidas sociais. Eis o resultado: estamos mergulhados na maldade e ne inveja que a alimenta. Completamente desorientados e pouco seguros: o homem metabolicamente reduzido já não acredita em si mesmo e na sabedoria do seu corpo e instintos.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A besta é legisladora: quer legislar tudo, mesmo aquilo que desconhece! :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O Estado Jardineiro tem os dias contados: ou reforma-se radicalmente ou soçobramos todos numa guerra entre neotribos.

Dado não ter respondido, deduzo que a Papillon não se interessa com a questão da judeofobia.

E. A. disse...

Sim, n é uma questão que me preocupe solenemente.
Nunca senti xenofobia relativamente aos judeus, até porque como os expulsámos, n resistem muitos por cá. Mas tive um professor de Filosofia no 10º ano q era judeu e era muito severo, mas extraordinariamente culto.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

A Filosofia Superior precisa pensar uma Reforma Radical do Estado e uma Política Radical da Cultura: a sociedade de risco deve ser desmistificada, porque somos nós que criamos os riscos, para depois os tentar gerir. A política não pode ser meramente gestão de riscos: tentativa de impor ordem onde não há ordem.

E. A. disse...

Sim, é um puzzle sem peças de encaixe.
Tenho andado a pensar que a sociedade ocidental poderá mesmo morrer. Penso que esteja neste momento a cavar a sua própria cova. Nascemos moribundos e enlutados.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Como "irmão", vou ousar apontar-lhe uma inconsistência interna, Papillon.
Tem defendido a tragédia ou a visão trágica da vida e, no entanto, condena um pensador trágico: Pascal. Ora, Pascal tentou mediar os opostos vistos como pontos de vista legítimos mas incapazes de isoladamente visar uma perspectiva mais elevada. Ele reconheceu Epitecto e Montaigne, mas procurou superá-los numa perspectiva mais profunda.
Desta inconsistência resulta uma deriva política num mundo em risco que exige cada vez mais cidadania, como na polis, para eliminar os riscos. Cidadania é tb responsabilidade.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Exacto: Benjamin disse que a modernidade era suicida. :(

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Noutro dia, após ver a China a construir pontes ousadas, refinarias e etc., fiquei "assustado" e lenbrei-me de Spengler. Os olhinhos amarelos anseiam pelo domínio total do mundo: eles querem comer tudo e nós deixamos. :(

E. A. disse...

Como mana, agradeço, mas o Francisco, confunde duas coisas: quando explano a minha visão sobre um autor, ou quando falo da minha própria visão. Além disso, o facto de, independente disto, ser contraditória ou inconsistente não me alarma, porque faz parte do processo do pensamento avançar, recuar, andar às voltas, pisar a linha, saltar aos eixos, jogar à cabra cega, etc.

Sim, Montaigne foi um pensador que ficou do lado de cá, n saltou para a pólis. Mas considero-o mais autarca e vivo do que Pascal, e por isso, ao contrário do que acha, bem mais profundo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Tá "mana": também gosto de Montaigne. Cultivo a memória! Isso não significa que concorde com todos os tesouros da memória filosófica: apenas os recordo.

"Sexo, Erotismo e Amor" ou "Sob o Signo do Fogo": fogo, vermelho e azul. (Já tenho o novo post: a versão da Agonia do Homo sexualis.)

E. A. disse...

Já sei porque falou de Pascal! Hoje saiu com o DN! Tb estou a fazer a colecção, tenho os Pensées em francês, nem sabia q havia tradução, mas a colecção é bonita. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Sim, faço colecção de repetidos. Fico com obras em tetraplicadas... :(

E. A. disse...

Ya eu tb, mas para fazer a colecção tinha que se fazer com todos.