Post em construção. Como este post já mereceu alguns comentários, vou reproduzir alguns deles que serão removidos quando editar o texto previsto: A tese que vou defender é a de que o físico não é o caminho que leva à metafísica: a performance sexual aboliu a êxtase. Leveza, velocidade, novidade e variedade, numa palavra rodagem, são os traços do homem consumidor de sexo. O échangisme é uma estratégia usada pelos casais em Paris para fazer face à incerteza, que os livra do sexo casual, da "ménage à trois" e do adultério. Porém, a existência de clubes de échangistes institucionalizou a troca, isto é, a "ménage à quatre, six, huit", etc., quanto mais melhor. O sexo faz parte da dieta alimentar do homem consumidor: os parceiros tornaram-se objectos de consumo; prova-se e deita-se fora, porque o homo sexualis consumidor se desembaraçou dos vínculos sociais e do compromisso. O homo sexualis já não olha para os parceiros, como se vê pelo uso compulsivo do telemóvel ou mesmo da Internet. Conectado à rede mas sempre sozinho: eis o homo (simultaneamente) sexualis e consumens. A questão é esta: Será que o sexo em si é importante? Sexo sem vínculo? Sem amor? Sem compromisso? Sexo sem vínculo é masturbação acompanhada! Erich Fromm disse coisas interessantes a este propósito. Comer muito vicia e sexar muito também vicia: a comida engorda e o sexo faz com que a pessoa se torne um Nada ou, como diria Gil Vicente, "Ninguém". É preciso derrubar a imagem consumista do sexo e as suas patologias. Sexo já não é transgressão mas rotina comercializada e controlada pelas indústrias. O membro viril ou a fornalha feminina são impuros, tal como em Israel: quanto maior melhor. Apenas exploração do aspecto físico do sexo sem metafísica e sem risco. O preservativo significa sexo seguro! Está tudo contaminado pelo metabolismo reduzido... Estive a ver parte de um documentário sobre Maio de 68 e seus efeitos mundiais. Conhecemos os resultados finais tristes (morte de Che Guevara aos 39 anos baleado pelo exército boliviano, a morte de estudantes mexicanos, a tomada de Praga pelo exército russo e a emulação do estudante de filosofia, a vitória de De Gaulle, etc.) e sobretudo os seus efeitos paralisantes a longo termo. Essa geração de 68 é a que está actualmente no poder e é corrupta: os filhos e netos são seres desmiolados e decadentes. Gado sem força de vontade. E, no entanto, sabemos que podemos e devemos desobedecer e paralisar o mundo, na tentativa de o livrar da desigualdade, da injustiça, da falsa liberdade e da miséria mental. O sexo já não vale nada. Os velhos fazem figuras tristes querendo parecer mais novos e inventando a sexualidade na Terceira Idade: caras de plástico inestético e viagra. Os novos seguem scripts: executam movimentos com a finalidade de atingir um orgasmo físico sem futuro. É tudo masturbação mental e física. Por detrás da máscara corporal, seja velha ou nova, não há nada: o sexo já não satisfaz e induz comportamentos aditivos. Tal como os toxicodependentes, os consumidores de sexo querem sempre uma dose maior, mas ficam sempre sozinhos, mais velhos e, lá no fundo, profundamente infelizes. A vida nestas condições metabolicamente reduzidas está irremediavelmente perdida e só há um meio de sair deste mundo cinzento: a Grande Recusa que diz Não à falsa Paz... J Francisco Saraiva de Sousa
85 comentários:
Oh diacho !
Que será que vem aí ...
:))
A tese que vou defender é a de que o físico não é o caminho que leva à metafísica: a performance sexual aboliu a êxtase. Leveza, velocidade, novidade e variedade, numa palavra rodagem, são os traços do homem consumidor de sexo.
Isso promete...espero que não se esqueça de algum latim de premeio...
:)))
Onde pára a Paillon ? Preciso de autorização para usar umas frases dela...
Estou a gostar dos pressupostos base. Curiosíssima com o resultado ;-)
Concordo convosco! Promete ser interessante o novo post do F.!
E, Manuel, fico à espera, ansiosa, pelas sua «faena»! ;)
Porém, este post vai demorar algum tempo, porque ainda não conclui o anterior e ando cansado. Estava a pensar tratar do sexo high-tech e do échangisme, swing ou troca de casais!
O échangisme é uma estratégia usada pelos casais em Paris para fazer face à incerteza, que os livra do sexo casual, da ménage à trois e do adultério. Porém, a existência de clubes de échangistes institucionalizou a troca, isto é, a ménage à quatre, six, huit, etc., quanto mais melhor. O sexo faz parte da dieta alimentar do homem consumidor: os parceiros tornaram bens de consumo; prova-se e deita-se fora, porque o homo sexualis consumidor se desembaraçou dos vínculos sociais e do compromisso.
O homo sexualis já não olha para os parceiros, como se vê pelo uso compulsivo do telemóvel. Conectado à rede mas sempre sozinho. A questão é esta: Será que o sexo em si é importante?
Não se preocupe com a demora do post, eu sou, e talvez a Denise e o Manuel sejam tb, do grupo pela "profundidade, gravidade lentidão e mesmidade". Como o som de uma tuba: grave e vibrante.
Mas, já que pergunta, acho que o sexo é importante relativamente a cada um. Há pessoas que são mais sexuais que outras. Há pessoas que podem ter necessidades sexuais, sem ter necessidades afectivas, há também o contrário. Há muita coisa!
Sexo sem vínculo? Sem amor? Sem compromisso?
Deste post vai depender o meu futuro: ou avanço ou páro com a pesquisa sexual e mudo de área. (Brinco.)
Sexo sem vínculo é masturbação acompanhada! Fromm diz coisas interessantes a este propósito. Comer muito vicia e sexar muito também vicia: a comida engorda e o sexo faz com que a pessoa se torne em Nada. É preciso derrubar a imagem consumista do sexo e as suas patologias. Sexo já não é transgressão mas rotina comercializada e controlada pelas indústrias.
O membro viril é impuro, tal como em Israel: quanto maior melhor. Só exploração do físico sem metafísica e sem risco. O preservativo significa sexo seguro! Está tudo contaminado pelo metabolismo reduzido...
Sim, sexo sem vínculo acaba por ser um fruto de pouco sumo. Além de ser, se quisermos, perverso mas, por isso mesmo, libertador e, por outro lado muito aprazível, (prazer real e não fictício), pelo que se torna obssessivo.
Depois da experiência dionisíaca, que pode ser curativa, há que recompormo-nos e realojarmo-nos (existencialmente falando)...
O problema é que agora já n há "trangressão" porque não há preceito.
Atenção, que n tenho nada contra quem pratique swing, em limite, se é do agrado do casal, que o façam, mas sempre considerei (do ponto de vista exterior de uma pessoa que nunca o fez, mas que inquire sobre comportamento humano e sobre o mundo em geral), que seria uma bóia de salvação para relações decadentes... É como ir aos bares e discotecas à caça de alguém. Que naúsea que me dá... que mundo autómato, repetitivo, previsível, insonso.
Um ex-lover é q me dizia (pq era um pouco mais velho e tinha a mania de me dar conselhos): as pessoas q se conhecem na noite n interessam! E n é q é verdade? Há amigos q são mestres!
Como os desta ágora virtual! Boa noite, amigos meus!
Estive a ver parte de um documentário sobre Maio de 68 e seus efeitos mundiais. Conhecemos os resultados finais tristes (morte de Che aos 39 anos baleado pelo exército bolíviano, a morte de estudantes mexicanos, a tomada de Praga pelo exército russo e a emulação do estudante de filosofia, a vitória de Gaulle, etc.) e sobretudo os seus efeitos paralisantes a longo termo.
Essa geração é a que está actualmente no poder e é corrupta: os filhos e netos são seres desmiolados e decadentes. Gado sem força de vontade. E, no entanto, sabemos que podemos e devemos desobedecer e paralisar o mundo da desigualdade, da injustiça, da falsa liberdade e da miséria mental.
O sexo já não vale nada. Os velhos fazem figuras tristes querendo parecer mais novos e inventando a sexualidade na Terceira Idade: caras de plástico inestético e viagra. Os novos seguem scripts: executam movimentos com a finalidade de atingir um orgasmo físico sem futuro. É tudo masturbação mental e física. Por detrás da máscara corporal, seja velha ou nova, não há nada: o sexo já não satisfaz e induz comportamentos aditivos. Querem sempre uma dose maior, mas ficam sempre sozinhos, mais velhos e, lá no fundo, profundamente infelizes.
A vida nestas condições metabolicamente reduzidas está perdida e só há um meio de sair deste mundo cinzento: a Grande Recusa que diz Não à falsa paz...
Gostava de fazer um post sobre Maio de 68, mas ando cansado e sem tempo, invadido pela sensação de estar a viver na hora errada, já que o país é mesmo ERRADO: Portugal está mais cinzento, feio e sem futuro. O relatório da UE diz que Portugal é o país onde as desigualdades são mais profundas: o abismo que separa os 20% dos mais ricos dos 20% dos mais pobres é um buraco negro como o rosto do poder central; esse abismo torna-se crime quando se compara os 10% de cada grupo. O governo mente autisticamente e o PSD brinca às eleições! Uma vergonha de Portugal... Só a violência nos pode salvar...
Swing ou échangisme? A ideia é só por si picante, mas só mesmo a ideia; é que, se um homem já dá os seus quês, imagine-se dois!
:)))
Ó Francisco, claro que o sexo em si é importante. A forma como é que é vivido é que varia de cada para cada. Sou apologista de sexo com afectividade e respeito. Mas a verdade é que cada um sabe de si...
Gosto da sua ideia de sexo com vínculo. Mas sexar muito e deixar-se viciar... qual é o mal? Se for bom, nunca se torna em rotina. Ainda por cima se houver o tal vínculo que defende.
Francisco, não stresse!
Venha passar uns dias ao Algarve, passe por Lisboa e traga a Papillon. Eu e o Manuel mostrar-vos-emos um pouco deste nosso paraíso. (Mostramos, meu Vizinho?) E chamamos a Tia Adoptada para uma descontracção a 100%
:))))
O sexo vale muito! Se for de qualidade, vale muitíssmo! É do que mas vale na bolsa de valores da vida!
E quando n há sexo, a masturbação ajuda à sanidade mental/física!
E os velhinhos que importa que sejam sexuais! Eles são-no à sua maneira. Tal como as crianças tb são sexuais à sua maneira.
Repare: infelicidade e orgasmos é perfeitamente compatível. Não sei qual foi a "Grande Descoberta" do Francisco...
Fale do Maio de 68 que me parece ser mais interessante... afinal o que prometia já me desiludiu.
(O José Gil escreveu uma crónica na Visão da semana passada sobre o Maio 68, dizendo, em linguagem deleuziana, que foi uma revolução activa, positiva e não reactiva, ressentida, reivindicativa.)
Bem, amiga Borboleta, não sei se concordo consigo quanto ao facto de ser "do que mais vale na bolsa de valores da vida", mesmo que com qualidade...
Deixe o F alongar-se sobre o assunto. Divirto-me com a exposição dos seus pensamentos. :)))
Depois, sim, venha o Maio de 68.
Na mesma revista (aqui em casa as revistas chegam retardadas e só a li hoje) a reportagem central fala da prostituição infantil no Brasil, pelo menos 2 milhões de crianças e adolescentes vendem o corpo - 1/5 das pessoas que habitam o nosso país! Isto sim é alarmante...
80% dos voos chegam com homens sozinhos à Fortaleza, ainda assim, a "oferta" de meninos e meninas é maior que a procura. A prostituição está quase sempre relacionada com o consumo de estupaficientes... Enfim: miséria das misérias, para utilizar o superlativo hebraico.
Diz o sociólogo Robson Oliveira: «metade da população do Nordeste vive com 2 reais - 70 cêntimos - por dia, e o maior banco privado do Brasil, Bradesco, tem um lucro de um bilião de dólares, cada 3 meses. É preciso criminalizar o Governo pela exploração de menores [...]»
André,
conte-nos mais coisas sobre este flagelo!
Manuel,
Não pára de chover. Eu n quero amaldiçoar a chuva, mas o que é facto é que já comprei cerejas este ano e n sabem a nada, só a água, por causa de tanta chuva. :(
Denise,
Pois, sou uma mulher muito sanguinária e hormonal, mas tem razão, o sexo n valerá assim tanto.
E, tem razão, Francisco em versão moralista é mesmo para nos "divertirmos" um pouco. ;)
Um Holderlin para o F.
http://hipias-maior.blogspot.com/2007/10/blog-post_14.html
;)
Bom Dia, Gente Boa !
Pois ...
Estou com o Francisco na luta por muitas recusas. Mas nessa do sexo, tenha santa paciência...;)))
Brincadeiras de parte, concordo com as linhas gerais do que já aqui deixaram. O sexo como produto não me diz nada. Como parte de uma boa interacção, diz-me bastante.
A questão do swing como terapia de casal, Papillon, enfim... Não tendo nada contra as relações "abertas", faz-me sincera confusão a institucionalização da coisa. Acho-a pouco natural. Demasiado "organizada" para ser "naturalmente sexual". Ora como já sabemos, gosto do que é natural...:))
Sobre a faena que lhe dediquei,Papillon, já lidei o primeiro toiro...;)
Bom Dia amigos
Aproveitei o sol que fez depois da trovoada para passear. Agora voltaram a chuva e os relampagos.
Obrigado, Denise, pelo apoio. A Papillon criticou mas, como já tinha dito, o texto do post ainda não está concluído.
A questão colocada é crítica e visa o modo de vida do homo consumens: no sexo consumista ninguém encontra o que procura. O sexo não realiza e não dá ao indivíduo aquilo que perdeu: um self autónomo, até porque a união é também ilusão. Quando alguém se procura a si mesmo e as suas fantasias projectadas no sexo com outro, não encontra nada: o seu próprio vazio. É isto que está em questão: o sexo não é a via para a libertação ou mesmo o mero êxtase, porque a sociedade o converteu num objecto de consumo. A repressão e a sublimação de que falava Freud já não incidem no sexo: as perversões fazem parte integrante da ementa do homo sexualis/consumens. Isto significa que o sexo faz parte da esfera metabolicamente reduzida... :(
"Obrigado Denise pelo apoio" ba ba ba "eu gosto q me bajulem, mesmo qd digo baboseiras".
Tretas!
O Sexo é bom e fundamental para um ser humano saudável.
O grau da sua importância é relativo a cada um.
Fazendo o sexo parte de qq ser humano, qq manifestação sexual, mesmo a sua negação, como o ascetismo, pode fazer parte de um ser "metabolicamente reduzido".
Que o sexo n seja via de libertação... como saberá, n está a dizer nada de novo. O prazer, sob que forma for, nunca é salvação para ninguém, dado o seu carácter fugaz e não cumulativo.
A Papillon parece estar a defender uma concepção do sexo como coito fisicamente gratificantes desde que liberto da reprodução. Mas o sexo não é só coito... O sexo é um complexo vinculativo e hoje o homo sexualis foge dos vínculos. Um concepção plástica e consumista!
Manuel, vou almoçar e já leio o seu texto! Já espreitei! "Papillon multicolor"! Por acaso, gosto muito de cores, excitam-me a retina. ;)
Era aqui que entra Maio de 68 e os movimentos dos anos 60: alteraram os costumes e socaram os tabus do sexo. Libertação..., mas a realidade é hoje outra: vazio cinzento.
Francisco,
Na sequência das suas justas razões contra o que se vai passando por este canteiro á beira-mar plantado, uma pergunta: se tivesse que escolher outro país para viver, qual seria a sua opção ?
Denise ,
Paraíso ?! Onde ?! Onde ?!
::)))
Bom almoço, Papiloska !
Um dia em que lhe prepare um já sei: muita cor !
;)
Manuel
Nem sei que país escolhia, mas preferia algum anglosaxónico ou nórdico.
Calculei...
Mas aposto em como o Francisco não aguentava um ano ;)
Goste-se ou não do resto, a verdade é que por estas paragens mais a sul ainda vai havendo uma forma descontraida de estar na vida. A coerção social e a hiper-organização podem ser bastante opressivas. E depois há a Luz. A Luz....bem...Papillon e Denise, ajudem-me ! Como é que se explica a um homem do norte este conceito de Luz marroquino ?
;)
Tenho amigos escandinavos, holandeses, ingleses...e olhe: todos têm imensas razões de queixa dos seus países. São diferentes das nossas, claro. Mas bastante fortes para os fazer mudar-se para o nosso. Portanto...isto é como no sexo: importa mais como se está do que onde !
:)))
ah ah ah Brilhante, caro Manuel!
Amigos: o melhor programa televisivo é definitivamente a «Liga dos Últimos» - a portugalidade no seu melhor! A ver!
Sim, mas eles são desenvolvidos e os portugueses são aquilo que todos sabemos: uma ausência de cultura e de economia capaz de integrar todos. Para não falar da corrupção que acentua as desigualdades sociais...
Francisco,
Vou fazer um post com esse "mas eles são desenvolvidos"...;)
A tese de partida é a de que para o serem ( desenvolvidos ), o seu modelo social terá de responder a requisitos de sustentabilidade (energética ) equidade social e ética.
Será que se safam ? Veremos...
:))
Olá, amigos! A relação sexual como uma moeda de troca está cada vez mais "valiosa" (no uso capitalista do termo) no mercado das relações humano/bovinas.
Quando se conhece alguém, é comum ouvir esta pergunta "O que você faz?". Questões superficiais, referentes apenas ao agir, ao ter,
quase sempre antecedem as indagações realmente relevantes sobre o Ser. Cada vez mais, busca-se um conhecimento superficial sobre o outro. O sexo, que poderia ser uma das formas mais intensas de se ingressar no universo alheio, passa a ser uma viagem pobre e sem aprendizado. Estamos seriamente enfermos. Não quero ser considerado um moralista, :) Entretanto, recuso o sexo em sua dimensão de moeda de troca.
André
Eu também recuso o "sexo como moeda de troca", mas fui tratado como moralista, quando na verdade pensava noutra coisa...
Manuel
É um facto que esses países são mais desenvolvidos; podem estar em regressão, mas deram um contributo fantástico para a civilização.
Portugal é muito triste e não tem defesa. Não há volta a dar...: corrupto até à medula, como se viu ontem no relatório da UE. Que agricultura temos? Velhos pobres e abandonados?
Papillon, os dados do sociólogo Robson Oliveira estão corretos. Esta situação dramática se repete em outras regiões do Brasil.
Um dos maiores problemas do Brasil é a distribuição desigual de renda. Vivo na cidade mais rica do Brasil. Porém, mesmo aqui, a pobreza (moral e econômica) é facilmente percebida. Basta dar uma simples caminhada pela cidade.
Sim, é preciso, criminalizar (eu diria guilhotinar :)) o Governo. Porém, trata-se de uma pretensão utópica, pois, para se punir com competência, é necessário que os três Poderes da União atuem com transparência e justiça. Mas é justamente nestes que se situam as maiores chagas da nossa sociedade, os políticos e os membros do Judiciário. Como é que os corruptos vão punir os corruptos?
Se a população tivesse um acesso à cultura, talvez a permanência desta malta no poder estaria ameaçada. Mas não interessa aos políticos tornar a população consciente de seus direitos e dotada de um senso crítico.
Sim, André, o sexo desde sempre foi considerado como iniciação espiritual - vide «A Epopeia de Gilgamesh» - mas agora é um roçar desenfreado para acalmar almas assanhadas, mas como é claro, n acalma nada!
Vejamos, por exemplo, o turismo sexual de que falava há pouco: mas que almas doentes são aquelas que viajam milhares de quilómetros para penetrar e abusar de crianças e adolescentes que sabem à partida que vivem em condições de grave miséria? Não são eles tão ou mais miseráveis de espírito?
Hoje Eros está em todas as partes e em parte nenhuma. Foi destituído e tornou-se Vagabundo, como costumo dizer. Aliás, o vosso diálogo mostra que hoje o sexo tornou-se fonte de opressão, desigualdade, violência, abuso e infecção mortal. E está ligado à depressão, crises conjugais pós-parto, anorexia, bulimia e até à pedofilia e pornografia infantil, talvez as últimas perversões sexuais. Mas ninguém defende seriamente um programa capaz de salvar as crianças!
De fato, Papillon, acho que tais turistas são mais miseráveis de espírito do que as vítimas destes seres grotescos. E a Igreja Católica ainda insiste em falar de Inferno. Ora, o inferno está no nosso mundo há tempos...
Em Portugal, também existem adolescentes que se prostituem por uma razão simples: dinheiro, isto é, capacidade para desfrutar dos bens de consumo expostos pela sociedade. É um modo de vida, porque nem todos são ricos... Condená-los? Porquê? quem lhes oferece outras oportunidades alternativas? Pura hipocrisia...
Vagabundo é a genealogia de Eros: filho de Poros e Pínia (pobreza).
André,
A Igreja Católica e os seus representantes devem ser dos que embarcam tb nos aviões...
Ideia "profunda", a da Papillon: Afinal, Eros foi desde sempre vagabundo!
Claro, nunca leu o Symposium de Platão, mister "Profundidade"?
Platão deve ter defendido uma concepção consumista do sexo e do amor que me escapou! Além disso, não estava a falar da genealogia do Eros mitológico..., mas a mostrar a nulidade da sublimação freudiana...
O homem está exposto a uma carência e persegue-a no amor pelas belas formas, de modo a sossegá-la. O Eros faz-nos perseguir o fito da imortalidade, para o qual temos dois caminhos: a descendência (amor físico e reprodução) ou a ascese inciática unilateral até ao Belo Inteligível.
Freud disse que a sua noção alargada de sexualidade coincide com o Eros de Platão (Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade).
Eis a questão: a imortalidade através dos filhos ou da obra. Nenhuma delas está presente no homem metabolicamente reduzido: este visa a sua própria imortalidade corporal com falso aspecto jovem. O sexo livrou-se da responsabilidade de criar e educar um filho e, quando chega aqui, o filho é visto como objecto de consumo. Daí a crise da actual juventude condenada a viver todo o seu ciclo vital à sombra dos pais egoístas.
A concepção de Freud é absolutamente diferente da de Platão: veja a teoria das pulsões e do inconsciente.
Além disso, a "beleza" compra-se: o monstro tornado belo através do engano cirúrgico da natureza. Por isso, Deus de Abraão só ama os verdadeiramente belos: a beleza é no AT uma categoria teológica.
Caríssimo, limitei-me a relatar o facto de que Freud se auto-relaciona com o mestre Platão (pode verificá-lo por si mesmo, daí ter notificado a fonte). É sabido que Platão não fala da categoria do inconsciente, das pulsões e das suas vicissitudes - as sublimações...
O Deus de Abraão só ama os feios, os pobre de espíritos, os pobres materialmente, os doentes, os decadentes. Daí o judeo-cristianismo ser insuperável.
A Papillon patinou no seu último comentário ilegível...
Não se trata de verificar; trata-se de pensar: uma afirmação gratuita que não resiste ao pensamento. Freud é diferente de Platão: simples...
A Papillon baralhou os Testamentos e interpreta de modo falso a "pobres em Espírito".
Deus de Abraão foi o que deu uma terra ao seu povo...
É a verdade. O judeo-cristianismo, entenda-se, a interpretação de S. Paulo, é insuperável porque resolve muitos embaraços. Os coitadinhos ganham regaço, os desprezados ganham colo e tudo fica "bem". Pelo menos, sonham com a eternidade, mandando lixar os outros que lhes enfernizam a vida. Quer melhor solução? Genial.
Ui Papillon
São Paulo é helenizado, muito helenizado... A crítica que lhe faz pode ser devolvida. Cuidado, porque pode ficar nua, isto é, sem argumentos racionais.
Escusa-me de dizer que Platão é diferente de Freud, isso é uma evidência e a filosofia n se trata de discutir as evidências.
Desconhecia ou n se lembrava da noção platónica de Eros e eu limitei-me a recordar-lha e a relacioná-la com Freud, sem nenhum tipo de pretesiosismo, ao contrário de si.
N estou a criticá-la, aliás estou a glorificá-la...
Ah. E diga-me qual a interpretação autêntica da Bíblia, porque os exegetas bem a tentam buscar há anos, qual Santo Graal, mas se o Francisco conhece-a, partilhe-a.
A Papillon, umas vezes é relativista, outras vezes é "talibã".
A questão está estudada: é preciso conhecer os livros e toda a sua história, bem como as tradições. O que fez foi uma esquematização de S Paulo sem aflorar nenhum conceito. É uma evidência filosófica e, como disse, não se discutem evidências.
Nada talibã, eu sou idólatra.
Ok Papillon idólatra! Do bezerro de Ouro? :)))
A questão está estudada - que espírito tão dogmático para quem se diz filósofo...
Ok, F. assunto encerrado.
Certamente que não estava à espera que exponha S Paulo e entre na disputa teológica? São assuntos muito complexos e o que fiz foi recordar que o que disse está esgotado. Mas cada um pensa o que pensa. Eu não abdico de dialogar com os judeus e os cristãos, mesmo depois de Hegel os ter secularizado na Fenomenologia do Espírito, isto é, a sua concepção antropológica.
Um "ismo" intenta genericamente, uma certa sistematização de determinado aspecto real, daí que o judeo-cristianismo interpretado por S. Paulo seja uma falsificação de certo modo, mas tb n é falso de todo..., como porventura saberá!
Ah! E eu n espero nada.
Aqui em domínio virtual, sou judia: venho do nada e ao nada regresso. ;)
Não fique sempre "brava", Papillon. Sorria...
Reli os comentários e devo confessar que a Borboleta deixou escapar o "sumo" conceptual e até mesmo a graça e a ironia. Que pena a Papillon esquecer a ironia quando não lhe interessa! Hoje vi os rapazes 8e raparigas também) a exibir os traseiros com as calças descaídas! Isto tem um significado! Qual? A Borboleta que responda...
Bom dia. Tem um significado, é falta de gosto. Isso é uma questão de estilo.
Mas o que é que se passa? O Francisco tem 78 anos? Parece aqueles velhos a maldizer a juventude e a promiscuidade associada.
E depois insinua q deixo escapar o sumo conceptual, ou seja, q sou burrinha, e que n tenho graça, q sou insípida.
Eu, sinceramente...
Mas se n percebeu claramente a minha posição, eu reformulo-a sumariamente: não sou contra sexo sem vínculo, (até porque ficaria por discutir se isto é possível - pq na minha opinião, o ser humano é sempre ser afectivo, portanto com ou sem compromisso firmado, tende sempre a expressar-se afectivamente), ainda que n deve ser sistematizado enquanto hábito, pois pode causar danos, qualquer experiência dionisíaca fere e devemos restaurar o nosso self, senão perdemo-lo irreversivelmente. Mas n posso negar este tipo de experiência pq pode ser reveladora. Sexo sem vínculo, ir a um concerto e dançar livremente, consumir drogas ou álcool, etc., compreendo-os no mesmo nível. (Re)leia «As Bacantes» de Eurípedes.
Ah e digo mais: isso dos traseiros de fora, há meninas e meninos betinhos q se vestem segundo os padrões dos bons costumes e são mais promíscuos do que esses jovens que usam calças descaídas.
Aliás, vá a uma discoteca, eu n sei q idade tem, mas deve estar na casa dos 30, e se for a discotecas de pessoas da sua geração, vai reparar como se vestem a preceito, mas definitivamente, n se comportam como tal, pois parecem animais esfomeados e assanhados.
As experiências dionisíacas fazem-me ver como é que é comigo:
- Teach me to dance!
http://www.youtube.com/watch?v=jeNsr_nQEfE
Sempre q vejo este filme choro sempre!
Porque é a Vida na sua deflagração em dança, riso e amor!
Olá Papillon
Já percebi o seu ponto de vista sobre este tema: um ponto de vista peculiar que abdica de pensar o futuro liberto da reificação, como se a beleza fosse o motor da atracção erótica. Mas a verdade é outra: Eros manifesta-se até mesmo no seio do feio e do horror.
Olá F.,
Então, lamento informá-lo q n percebeu nada. Mas é seu costume ajuizar precipitadamente, porque tem sempre como preconceito a sua superioridade moral e intelectual e depois o resto escapa-lhe. Mas, o que há a fazer? Se fica contente com os seus pre-juízos digo-lhe q é bastante humilde..., coerente, aliás, com os ditames do Deus de Abraão. :)
André,
A coreografia "Pedro e Inês" de Olga Roriz pela Companhia Nacional de Bailado vai estar em digressão pelo Brasil, e passará por S. Paulo em Junho:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1329761
É um espectáculo muito bom! Sobretudo as cenas em água! A Olga Roriz é muito boa conceptualmente. A música também é boa, inclui, que me lembre, a "Homenagem a Benjamin Britten" de Arvo Part. E a tragédia do amor de Pedro e Inês é maravilhosa e sempre celebrizável!
Queridos amigos,
Garanto que vinha aqui botar comentadura sobre o assunto do post, mas depois de ler a troca de comentários entre o F. e a P. nada me resta mais que umas boas e sonoras gargalhadas! Excelente terapia nesta fase crítica da minha vida!
Francisco, gosto imenso de si, mas permita-me uma vénia de admiração à Borboleta, moça lúcida, perspicaz e vaporosa :)))
:)))
A Denise é muito amável, e obrigada pelo "vaporosa"! Esse nome nunca me tinham atribuído!
Fico contente pelo meu espírito vivo a animar! Pelo menos as conversas com o Francisco, que acabam sempre por chegar a conclusões equivocadas da parte dele, difamando e subjugando a minha pessoa no altar da sua excelsa sabedoria, sempre ganham sentido!
Fico feliz porque nem tudo é desperdício!
Oi Meninas
organizadas contra o rapaz... :)
Não; o Francisco como é egocêntrico, interpreta os elogios q não à sua alma enferrujada, por reacção a si.
É a vida! Ou melhor, parafraseando o F. Dias, é a vidinha!
como já vai sendo meu hábito, não li os comentários todos.parei no da Denise que fazia referência a chamar a minha pessoa para animar o convívio.
Em cada 100 pessoas há, alegadamente, uma que não tem nenhum desejo sexual. Mas isso não lhes dá o direito de julgar os outros...
Denise, estou fora, completamente fora desse encontro. Sou velha, assumidamente velha e espero ser uma «velha sexualis» até ao fim dos meus dias - o que não implica que faça sexo ou faça amor até ao fim dos meus dias. Só desejo nunca me tornar sexofóbica! e se não hostilizo, também não faço nenhuma questão de conviver com sexofóbicos! (longe vai o tempo em que queria ser freira)
tiram-me desse filme!
Tia Adoptada
Hummm... Ainda não conheci nenhum sexofóbico! Mas gostava de conhecer: uma síndrome mágica, a sexofobia!
Bem, Tia...
Não seria um encontro de carácter sexual!
:))))
Francisco,
Quanto à sexofobia... não percebeu ou não quis perceber?
;-)
Denise
Claro que percebi, mas não me revejo nesse rótulo. Por isso, ironizei!
Amigo J Francisco Saraiva, há muito tempo que se tornou
um lugar-comum dizer que o corpo não é o caminho que nos leva para o metafísico, como frisou no comentário; assim como dizer que a performance sexual aboliu a êxtase. Os cavalos comem aveia, são velozes e não deixam de praticar sexo. Mas o sexo está a tornar-se um bem de consumição, não só espiritual, como de aquisição – o que é lamentável para um não crente como eu. Mas queira ao menos esclarecer o que é a Metafísica.
Goggly
Coloca uma boa questão: o que é a metafísica? Neste caso, referia-me literalmente a algo para além do físico, isto é, do orgásmico. Referia-me ao vínculo e ao amor. Contudo, este post está por terminar; será retomado noutro post... :)
A minha cabeça ficou em água: o que está para além do orgásmico... Sim, é definitavamente misterioso. Já o Mistério anda de mão dada com o Metafísico. O que é um orgasmo? Talvez esteja escrito em pedra e o metafísico seja isso mesmo: a sua correspondência. Felicitações para o blogue que muito me apraz.
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