«Por convivencialidade entendo o inverso da produtividade industrial. Cada um de nós define-se pela relação com os outros e com o ambiente, assim como pela sólida estrutura das ferramentas que utiliza. Estas podem ordenar-se numa série contínua cujos extremos são a ferramenta como instrumento dominante e a ferramenta convivencial. A passagem da produtividade para a convivencialidade é a passagem da carência para a espontaneidade do dom. A relação industrial é reflexo condicionado, uma resposta estereotipada do indivíduo às mensagens emitidas por outro usuário que jamais conhecerá, a não ser por um meio artificial que nunca compreenderá. A relação convivencial, por outro lado sempre nova, é acção de pessoas que participam na criação da vida social. A mudança da produtividade para a convivencialidade substitui um valor técnico por um valor ético, um valor material por um valor adquirido. A convivencialidade é a liberdade individual, realizada dentro do processo de produção, no seio de uma sociedade equipada com ferramentas eficazes. Quando uma sociedade, não importa qual, repele a convivencialidade para atingir um certo nível, transforma-se em presa da carência, dado que nenhuma hipertrofia da produtividade conseguirá satisfazer alguma vez as necessidades criadas e multiplicadas pela inveja.» (Ivan Illich) «A medicina é uma mercadoria que escapa a todo o controle de custo e de qualidade. Os membros das sociedades desenvolvidas julgam terem necessidade da indústria médica, mas seriam incapazes de justificar o seu consumo em termos de benefícios reais para a saúde». (Ivan Illich) J Francisco Saraiva de Sousa
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