quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Karl Popper vota em José Sócrates

«Na verdade, existe uma distinção funda-mental entre a crítica democrática e a crítica totalitária, sendo que a de Sócrates era do primeiro tipo, dum tipo que, de resto, constitui o princípio vital do regime democrático. (Ao mostrarem-se incapazes de discernir entre uma crítica construtiva e uma crítica destrutiva da democracia, os seus defensores estão afinal a dar provas de um espírito totalitário. O totalitarismo, obviamente, nunca poderá encarar a crítica numa perspectiva construtiva, já que, para ele, esta põe em causa o princípio de autoridade.» (Karl Popper)
«Na verdade, o homem não poderá nunca mais regressar à pretensa inocência e harmonia da sociedade fechada. O seu sonho do paraíso não é concretizável na Terra. Uma vez instituída a confiança nos poderes da razão e desenvolvidas as suas faculdades críticas, o homem, chamado a exercer responsabilidades pessoais e a favorecer o progresso do conhecimento, deixa de poder retornar a um estado de implícita submissão à magia tribal. Para aqueles que provaram da árvore do conhecimento, o paraíso está perdido. E quanto mais procurarmos ressuscitar a idade heróica do tribalismo, mais certos estaremos de incrementar fenómenos como a Inquisição, as polícias secretas, ou gangsterismos romantizados. Aquilo que começara por ser apenas uma supressão da razão e da verdade, redunda afinal na destruição brutal e violenta de tudo o que é humano. Não é possível retornar a um estado harmonioso da natureza, no sentido em que voltar para atrás implicaria uma regressão total, isto é, o retorno à vida animal.
«Assim, resta-nos enfrentar lucidamente a questão, por muito difícil que isso possa parecer. Se sonharmos com um regresso à infância, se nos deixarmos cair na tentação de delegar nos outros aquilo que nos compete para encontrar a felicidade, se nos furtarmos à incumbência de carregar a cruz que nos pertence, a cruz da humanidade, da razão, da responsabilidade, se nos falhar a coragem e abandonarmos a luta, então teremos que tentar fortalecer-nos na compreensão clara e simples da decisão tomada: o regresso ao estado animal. Pois o caminho da humanidade é só um, o da sociedade aberta, e implica um salto no desconhecido, na incerteza, na insegurança, implica recorrer à razão como meio de planear, o melhor que soubermos, a nossa segurança e a nossa liberdade». (Karl Popper)
J Francisco Saraiva de Sousa

6 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O voto de Popper em José Sócrates e na maioria do PS é claramente um voto CONTRA o totalitarismo de direita do PSD de Manuela Ferreira Leite e CONTRA o totalitarismo de esquerda do Bloco de Esquerda e do PCP; ambos os totalitarismos defendem o regresso a algum tipo de sociedade fechada.

Só a renovação da maioria absoluta do PS pode livrar-nos destas tentações totalitárias e tentar resolver a crise económica sem impor uma ditadura, como defendeu a MFLeite! Vota PS!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Outro argumento que denuncia o carácter totalitário deste PSD de MFLeite é a conspiração negra e maléfica que moveu contra a figura de José Sócrates: a "asfixia democrática" constitui uma crítica totalitária e destrutiva da democracia, agravada pelo apoio dado ao regime musculado e autoritário de AJ Jardim. Vota PS!

Jorge Salema disse...

Quem Não votará em Socrates é Bento XVI que se prepara param visitar Portugal, numa altura em que prevejo estarem a ser discutidos projectos ou propostas de Lei para alterar o regime do casamento, de forma a permitir uniões entre cidadãos do mesmo sexo.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Ya, este Bento XVI é muito conservador, embora seja um pouco miss pipi. :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Almeida Santos: “Sócrates é o melhor após o 25 de Abril”

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Que tristeza: Pacheco Pereira é mesmo um sofista! :O