O termo pedofilia é usado para referir a «atracção sexual por crianças». Segundo o DSM-IV, na maioria dos casos de pedofilia, a criança tem menos de 13 anos de idade (pré-puberdade) e o sujeito molestador tem de ter 16 anos ou mais (pós-puberdade), sendo pelo menos cerca de cinco anos mais velho do que a criança. A atracção por meninas é relatada como duas vezes mais comum do que a atracção por meninos, embora muitos indivíduos com pedofilia sintam atracção tanto por meninas como por meninos. Esta definição de pedofilia destaca apenas a diferença de idade e os mass media tendem a associar intimamente a pedofilia e a homossexualidade, como se esta fosse uma indicadora de pedofilia. Contra este preconceito ideológico muito difundido pelos meios de comunicação social, vamos apresentar brevemente a própria perspectiva emic gay da pedofilia, confrontando-a com outros dados científicos.
Perspectiva Emic Gay. Os homossexuais têm dificuldade em distinguir «conceptualmente» entre pederastia e pedofilia e, na maior parte das vezes, confundem-nas, ou seja, usam-nas como sinónimos. Além disso, tendem a associá-las à pornografia, à prostituição e ao uso sexual da Internet. A pedofilia é, portanto, um fenómeno extremamente polémico entre os homens homossexuais. A dita "preferência pelo novo" ou "pelo jovem" é um conceito extremamente ambíguo, usado para definir tanto uma relação genuinamente pedófila como uma relação entre adultos de idades equivalentes — ambos evidentemente jovens — ou de idades diferentes — um mais jovem do que o outro. Neste último caso, se a diferença de idades for muito acentuada, a relação tende a ser "oportunista".
No léxico erótico gay português, o campo lexical da pederastia e pedofilia compreende apenas 47 lexemas e representa 7,05% do total da dimensão cognitiva das "Sexualidades Alternativas", o que equivale a dizer que a pedofilia não tem grande relevância no universo homossexual, ideológico e comportamental. Aliás, sempre que se conversava sobre este assunto, os participantes nunca o equacionaram em termos de «abuso sexual de menores».
A palavra mais usada para designar esta categoria é "pederastia": «Para nós, pederasta é o tipo que gosta de adolescentes, de rapazinhos. Sem equivalente nas raparigas, é, para os heterossexuais, sinónimo de pedófilo». Há aqui uma diferenciação subtil entre pederastia e pedofilia: aquilo que é "pederastia" (iniciação sexual) para os homossexuais é "pedofilia" para os heterossexuais. A palavra pederastia tem muitas significações. Muitas vezes, é usada pelos heterossexuais para designar depreciativamente os homens que preferem fazer sexo com outros homens. Portanto, é empregue como sinónimo de "homossexualidade masculina". Os homossexuais mais velhos diziam que esse termo era usado para os insultar, tanto por indivíduos heterossexuais como por alguns indivíduos homossexuais. Os homossexuais apropriaram-se do termo e usam-no para referir o "amor por rapazes", fazendo assim eco da sua significação grega. Assim, pederastia significa a inclinação de homens adultos, geralmente "velhos", por rapazes sexualmente maduros ou por jovens em crescimento, os ditos "adolescentes" ou "rapazinhos".
Para compreender esta significação é necessário decompor o campo lexical em subcategorias. Deste modo, obtemos quatro subcategorias: designações gerais (27%), classificação dos intervenientes — o pederasta (13,5%) e o jovem (40,5%), locais de prostituição juvenil (2,7%) e riscos da pederastia (16.2%). A subcategoria com maior percentagem é a que designa os "rapazinhos". Estes rapazes são encarados como "adolescentes" que apreciam homens mais velhos ou como uma espécie de "prostitutos" que exploram os homossexuais que apreciam rapazes. Esta segunda perspectiva que tende a ocultar a primeira permite ver a relação entre homens mais velhos e rapazes como uma forma de prostituição masculina juvenil, que acarreta riscos e põe efectivamente em risco a segurança e a integridade física dos mais velhos (16%).
A pederastia é encarada predominantemente como uma forma de prostituição juvenil e, ao definir o pederasta como «ser em risco», ou seja, como o indivíduo que se envolve em "situações perigosas", a MIG (Moderna Ideologia Gay) não incentiva a sua prática. A «vítima» não são os rapazes, chamados "arrebentas", mas os homens mais velhos que se submetem a situações de risco para satisfazer a sua preferência sexual.
Contudo, os «rapazes» nem sempre são "adolescentes" e "oportunistas". Pelo material fotográfico facultado, verifica-se que alguns rapazes são crianças ou menores. A maior parte dos homossexuais negligencia a distinção entre a pederastia, tal como a entendem, e a pedofilia, e, quando são confrontados com ela, tomam uma «atitude defensiva», alegando que a pedofilia é mais uma "invenção heterosexista" para condenar moralmente a homossexualidade masculina. E, a brincar, «redefinem» a pedofilia como uma espécie de "atracção pela juventude". Esta dificuldade deve-se, em parte, à concepção gay que associa juventude e beleza — a armadilha da "eterna juventude", considerando o envelhecimento como um "mal terrível". Assim, qualquer indivíduo que prefira parceiros sexuais mais novos é visto como um "pedófilo", sobretudo quando os seus parceiros são jovens adultos ou adultos juvenis. O envelhecimento é altamente estigmatizado, como se a homossexualidade fosse um assunto de jovens eternamente belos.
Perspectiva Etic. Esta «concepção brincalhona» da pedofilia, que desviou, durante muito tempo, a nossa atenção da pedofilia entendida como «abuso sexual de crianças», revela apenas uma parte da verdade mas não toda a verdade. Os homens homossexuais têm razão quando argumentam que os heterossexuais associam de tal modo pedofilia e homossexualidade de modo a difundir a imagem errada da pedofilia como um fenómeno exclusivamente homossexual. De facto, esta associação carece de suporte empírico. Groth & Birnbaum (1978) examinaram uma amostra de 178 homens que tinham sido condenados e acusados de «sexual assault» contra crianças no estado de Massachusetts. Identificaram que a atracção sexual destes homens compreendia adultos heterossexuais e adultos bissexuais, aos quais se juntavam 47% de indivíduos que não tinham desenvolvido uma orientação sexual adulta. De acordo com este estudo, nenhum desses homens era primariamente atraído por outros homens, portanto, homossexual. Newton (1978) descobriu que os homens homossexuais não eram tipicamente mais inclinados para o abuso de crianças do que os homens heterossexuais. Como afirmou Herek (1991), não existem dados disponíveis e recentes que desmintam estas descobertas. Jenny, Thomas & Kimberly (1994) examinaram 352 crianças enviadas para uma avaliação clínica de «child abuse». Dessa análise não surgiu evidência suficiente que sugira que as crianças corram maior risco de serem molestadas por homens identificada mente homossexuais do que por outros adultos. Herek (1991) destaca a pertinência da distinção feita entre «male-male abuse» e «adult homosexuality», porque é o abuso macho-macho que é, frequentemente, mal interpretado como abuso cometido por homens homossexuais. Aliás, o estudo de Groth & Birnbaum (1978) mostra claramente que o abuso macho-macho era perpetrado por homens heterossexuais ou que não tinham orientação sexual definida.
Os nossos dados de campo confirmam as conclusões da meta-análise de estudos sobre o abuso sexual de crianças realizada por Rind, Tromovitch & Bauserman (1998). Estes investigadores propõem uma mudança de terminologia para ajustar os critérios de abuso sexual de crianças à empiria e não à moral e ao Direito vigentes. Um desses critérios é saber se a actividade sexual foi desejada ou não pela criança ou pelo adolescente: o abuso sexual só deve ser aplicado aos casos de "sexo não-consentido" ou desejado pelo adolescente. De facto, durante a pesquisa de terreno, verificámos que a maior parte dos homens e das mulheres homossexuais relatavam «experiências sexuais precoces» que, à luz da Lei vigente, podem ser vistas como "abuso sexual". Curiosamente, este "abuso sexual de crianças" parece ser uma prática frequente nas instituições religiosas, em particular nos seminários, e os abusadores são geralmente padres e o seu "pessoal de confiança".
Muitos homens homossexuais que foram supostamente abusados sexualmente na infância ou na adolescência não foram «vítimas inocentes», porque, conforme dizem, desejavam ter sexo com adultos. Quase todos praticaram alguma forma de actividade sexual com os amigos e/ou faziam "engates" extra-institucionais. Muitos deles não desejavam ter sexo com determinados adultos por razões de "estética do gosto": ou porque o adulto, neste caso o padre, era "porco", "velho", "gordo" ou "feio" ou por qualquer outra razão do género. Existe, portanto, nestes casos, uma cumplicidade entre os supostos «ofensores» e as «vítimas». Muitas das «vítimas» já tinham atingido a maturidade sexual e, por isso, podiam escolher. As «vítimas» em idade pré-puberdade foram acariciadas, apalpadas e estimuladas ou simplesmente induzidas a praticar sexo oral ou a receber sexo anal. Algumas conseguiram evitar o sexo oral e/ou anal, depois de terem sido acariciadas. Também foram relatados casos em que as próprias crianças desafiaram os outros da mesma idade para o fazer sexo com elas ou provocaram (intencionalmente) reacções sexuais nos adultos. Estes dados mostram claramente que os homens homossexuais encaram mais positivamente estas experiências sexuais infantis do que os homens e, sobretudo, as mulheres heterossexuais. Aliás, eles encaram a "discrepância de idades" como uma "escola de aprendizagem sexual", mais precisamente como "iniciação sexual" numa idade em que os jovens preferem parceiros mais "velhos".
Porém, os jovens, adolescentes ou pré-adolescentes, também praticam abusos sexuais. Um padrão comportamental frequente é um grupo de rapazes obrigarem outro a praticar sexo com eles. Isto parece ocorrer com alguma frequência nas escolas e nos grupos de vizinhança. Geralmente, a vítima é obrigada a praticar sexo oral nos outros e, por vezes, a receber sexo anal, simulado ou real, dependendo da idade sexual dos «agressores». Esta prática que poderá parecer extremamente agressiva até pode ser realizada com o consentimento da suposta vítima: "Tu até gostas de chupar, não é?", e a «vítima» não "protesta". Em suma: Entre os homens homossexuais, a norma parece ser que a experiência sexual precoce não constitui um «trauma»: os «traumatizados» são poucos quando comparados com os outros que «beneficiaram», de algum modo, com essas experiências sexuais precoces, nomeadamente terem a primeira oportunidade de serem homossexuais. Com efeito, uma experiência traumatizante envolve diversos tipos de abusos e a continuidade ou a repetição dos mesmos abusos cometidos por um adulto próximo ou distante, sem o consentimento da «vítima». Há vítimas que consentem e até negociam com os supostos «abusadores». Isto significa que se deve levar em conta a "percepção do sujeito" na avaliação das "experiências sexuais infantis", as quais revelam diferenças de género e de orientação sexual (Rind, Tromovitch & Bauserman, 1998). (Para evitar "más leituras", veja estes dois posts: Vocabulário Erótico, Género e Orientação Sexual e Homossexualidades Masculinas. E também este: Abuso Sexual e suas Sequelas.)
J Francisco Saraiva de Sousa
Perspectiva Emic Gay. Os homossexuais têm dificuldade em distinguir «conceptualmente» entre pederastia e pedofilia e, na maior parte das vezes, confundem-nas, ou seja, usam-nas como sinónimos. Além disso, tendem a associá-las à pornografia, à prostituição e ao uso sexual da Internet. A pedofilia é, portanto, um fenómeno extremamente polémico entre os homens homossexuais. A dita "preferência pelo novo" ou "pelo jovem" é um conceito extremamente ambíguo, usado para definir tanto uma relação genuinamente pedófila como uma relação entre adultos de idades equivalentes — ambos evidentemente jovens — ou de idades diferentes — um mais jovem do que o outro. Neste último caso, se a diferença de idades for muito acentuada, a relação tende a ser "oportunista".
No léxico erótico gay português, o campo lexical da pederastia e pedofilia compreende apenas 47 lexemas e representa 7,05% do total da dimensão cognitiva das "Sexualidades Alternativas", o que equivale a dizer que a pedofilia não tem grande relevância no universo homossexual, ideológico e comportamental. Aliás, sempre que se conversava sobre este assunto, os participantes nunca o equacionaram em termos de «abuso sexual de menores».
A palavra mais usada para designar esta categoria é "pederastia": «Para nós, pederasta é o tipo que gosta de adolescentes, de rapazinhos. Sem equivalente nas raparigas, é, para os heterossexuais, sinónimo de pedófilo». Há aqui uma diferenciação subtil entre pederastia e pedofilia: aquilo que é "pederastia" (iniciação sexual) para os homossexuais é "pedofilia" para os heterossexuais. A palavra pederastia tem muitas significações. Muitas vezes, é usada pelos heterossexuais para designar depreciativamente os homens que preferem fazer sexo com outros homens. Portanto, é empregue como sinónimo de "homossexualidade masculina". Os homossexuais mais velhos diziam que esse termo era usado para os insultar, tanto por indivíduos heterossexuais como por alguns indivíduos homossexuais. Os homossexuais apropriaram-se do termo e usam-no para referir o "amor por rapazes", fazendo assim eco da sua significação grega. Assim, pederastia significa a inclinação de homens adultos, geralmente "velhos", por rapazes sexualmente maduros ou por jovens em crescimento, os ditos "adolescentes" ou "rapazinhos".
Para compreender esta significação é necessário decompor o campo lexical em subcategorias. Deste modo, obtemos quatro subcategorias: designações gerais (27%), classificação dos intervenientes — o pederasta (13,5%) e o jovem (40,5%), locais de prostituição juvenil (2,7%) e riscos da pederastia (16.2%). A subcategoria com maior percentagem é a que designa os "rapazinhos". Estes rapazes são encarados como "adolescentes" que apreciam homens mais velhos ou como uma espécie de "prostitutos" que exploram os homossexuais que apreciam rapazes. Esta segunda perspectiva que tende a ocultar a primeira permite ver a relação entre homens mais velhos e rapazes como uma forma de prostituição masculina juvenil, que acarreta riscos e põe efectivamente em risco a segurança e a integridade física dos mais velhos (16%).
A pederastia é encarada predominantemente como uma forma de prostituição juvenil e, ao definir o pederasta como «ser em risco», ou seja, como o indivíduo que se envolve em "situações perigosas", a MIG (Moderna Ideologia Gay) não incentiva a sua prática. A «vítima» não são os rapazes, chamados "arrebentas", mas os homens mais velhos que se submetem a situações de risco para satisfazer a sua preferência sexual.
Contudo, os «rapazes» nem sempre são "adolescentes" e "oportunistas". Pelo material fotográfico facultado, verifica-se que alguns rapazes são crianças ou menores. A maior parte dos homossexuais negligencia a distinção entre a pederastia, tal como a entendem, e a pedofilia, e, quando são confrontados com ela, tomam uma «atitude defensiva», alegando que a pedofilia é mais uma "invenção heterosexista" para condenar moralmente a homossexualidade masculina. E, a brincar, «redefinem» a pedofilia como uma espécie de "atracção pela juventude". Esta dificuldade deve-se, em parte, à concepção gay que associa juventude e beleza — a armadilha da "eterna juventude", considerando o envelhecimento como um "mal terrível". Assim, qualquer indivíduo que prefira parceiros sexuais mais novos é visto como um "pedófilo", sobretudo quando os seus parceiros são jovens adultos ou adultos juvenis. O envelhecimento é altamente estigmatizado, como se a homossexualidade fosse um assunto de jovens eternamente belos.
Perspectiva Etic. Esta «concepção brincalhona» da pedofilia, que desviou, durante muito tempo, a nossa atenção da pedofilia entendida como «abuso sexual de crianças», revela apenas uma parte da verdade mas não toda a verdade. Os homens homossexuais têm razão quando argumentam que os heterossexuais associam de tal modo pedofilia e homossexualidade de modo a difundir a imagem errada da pedofilia como um fenómeno exclusivamente homossexual. De facto, esta associação carece de suporte empírico. Groth & Birnbaum (1978) examinaram uma amostra de 178 homens que tinham sido condenados e acusados de «sexual assault» contra crianças no estado de Massachusetts. Identificaram que a atracção sexual destes homens compreendia adultos heterossexuais e adultos bissexuais, aos quais se juntavam 47% de indivíduos que não tinham desenvolvido uma orientação sexual adulta. De acordo com este estudo, nenhum desses homens era primariamente atraído por outros homens, portanto, homossexual. Newton (1978) descobriu que os homens homossexuais não eram tipicamente mais inclinados para o abuso de crianças do que os homens heterossexuais. Como afirmou Herek (1991), não existem dados disponíveis e recentes que desmintam estas descobertas. Jenny, Thomas & Kimberly (1994) examinaram 352 crianças enviadas para uma avaliação clínica de «child abuse». Dessa análise não surgiu evidência suficiente que sugira que as crianças corram maior risco de serem molestadas por homens identificada mente homossexuais do que por outros adultos. Herek (1991) destaca a pertinência da distinção feita entre «male-male abuse» e «adult homosexuality», porque é o abuso macho-macho que é, frequentemente, mal interpretado como abuso cometido por homens homossexuais. Aliás, o estudo de Groth & Birnbaum (1978) mostra claramente que o abuso macho-macho era perpetrado por homens heterossexuais ou que não tinham orientação sexual definida.
Os nossos dados de campo confirmam as conclusões da meta-análise de estudos sobre o abuso sexual de crianças realizada por Rind, Tromovitch & Bauserman (1998). Estes investigadores propõem uma mudança de terminologia para ajustar os critérios de abuso sexual de crianças à empiria e não à moral e ao Direito vigentes. Um desses critérios é saber se a actividade sexual foi desejada ou não pela criança ou pelo adolescente: o abuso sexual só deve ser aplicado aos casos de "sexo não-consentido" ou desejado pelo adolescente. De facto, durante a pesquisa de terreno, verificámos que a maior parte dos homens e das mulheres homossexuais relatavam «experiências sexuais precoces» que, à luz da Lei vigente, podem ser vistas como "abuso sexual". Curiosamente, este "abuso sexual de crianças" parece ser uma prática frequente nas instituições religiosas, em particular nos seminários, e os abusadores são geralmente padres e o seu "pessoal de confiança".
Muitos homens homossexuais que foram supostamente abusados sexualmente na infância ou na adolescência não foram «vítimas inocentes», porque, conforme dizem, desejavam ter sexo com adultos. Quase todos praticaram alguma forma de actividade sexual com os amigos e/ou faziam "engates" extra-institucionais. Muitos deles não desejavam ter sexo com determinados adultos por razões de "estética do gosto": ou porque o adulto, neste caso o padre, era "porco", "velho", "gordo" ou "feio" ou por qualquer outra razão do género. Existe, portanto, nestes casos, uma cumplicidade entre os supostos «ofensores» e as «vítimas». Muitas das «vítimas» já tinham atingido a maturidade sexual e, por isso, podiam escolher. As «vítimas» em idade pré-puberdade foram acariciadas, apalpadas e estimuladas ou simplesmente induzidas a praticar sexo oral ou a receber sexo anal. Algumas conseguiram evitar o sexo oral e/ou anal, depois de terem sido acariciadas. Também foram relatados casos em que as próprias crianças desafiaram os outros da mesma idade para o fazer sexo com elas ou provocaram (intencionalmente) reacções sexuais nos adultos. Estes dados mostram claramente que os homens homossexuais encaram mais positivamente estas experiências sexuais infantis do que os homens e, sobretudo, as mulheres heterossexuais. Aliás, eles encaram a "discrepância de idades" como uma "escola de aprendizagem sexual", mais precisamente como "iniciação sexual" numa idade em que os jovens preferem parceiros mais "velhos".
Porém, os jovens, adolescentes ou pré-adolescentes, também praticam abusos sexuais. Um padrão comportamental frequente é um grupo de rapazes obrigarem outro a praticar sexo com eles. Isto parece ocorrer com alguma frequência nas escolas e nos grupos de vizinhança. Geralmente, a vítima é obrigada a praticar sexo oral nos outros e, por vezes, a receber sexo anal, simulado ou real, dependendo da idade sexual dos «agressores». Esta prática que poderá parecer extremamente agressiva até pode ser realizada com o consentimento da suposta vítima: "Tu até gostas de chupar, não é?", e a «vítima» não "protesta". Em suma: Entre os homens homossexuais, a norma parece ser que a experiência sexual precoce não constitui um «trauma»: os «traumatizados» são poucos quando comparados com os outros que «beneficiaram», de algum modo, com essas experiências sexuais precoces, nomeadamente terem a primeira oportunidade de serem homossexuais. Com efeito, uma experiência traumatizante envolve diversos tipos de abusos e a continuidade ou a repetição dos mesmos abusos cometidos por um adulto próximo ou distante, sem o consentimento da «vítima». Há vítimas que consentem e até negociam com os supostos «abusadores». Isto significa que se deve levar em conta a "percepção do sujeito" na avaliação das "experiências sexuais infantis", as quais revelam diferenças de género e de orientação sexual (Rind, Tromovitch & Bauserman, 1998). (Para evitar "más leituras", veja estes dois posts: Vocabulário Erótico, Género e Orientação Sexual e Homossexualidades Masculinas. E também este: Abuso Sexual e suas Sequelas.)
J Francisco Saraiva de Sousa
22 comentários:
Sim, a pedofilia deve ser melhor compreendida, sobretudo para ser melhor prevenida.
A associação da pedofilia com a homossexualidade revela o medo do desconhecido que paralisa os circuitos neuronais do cérebro. "São acções demoníacas", logo, os agentes devem ser os mesmos - é a chamada inferência da estupidez reinante.
Contudo, gostaria de fazer uma nota ao facto de o F. "proteger" a figura mais velha da relação pederasta, geralmente uma relação de interesse. Se o rapazinho se prostitui (mesmo que de maneira não-declarada) é porque há antes um motivo! Não me refiro à sua homossexualidade que pode ser expressa sob outros laços que não este. Ou seja, geralmente estamos a falar de rapazinhos de famílias desestruturadas, com poucas posses, etc. Se eles são "oportunistas", é porque a vida lhes foi madrasta. Recordo-me, inevitavelmente, do caso Casa Pia, e este tipo de reflexão pode desencadear "preconceitos", emprestando o seu título, que obstam às causas reais.
Ah! E uma boa Páscoa :))
Sim, tem razão: os próprios homossexuais fazem essa associação de que fala. Muitos desses jovens prostitutos não são gay.
Existem outros dados interessantes de que darei conta noutro post: os gay abusados (contra-vontade) tendem a não ser abusadores quando adultos, enquanto os hetero tendem a ser abusadores em adultos. Percepções diferentes em função da orientação sexual.
Já boa Páscoa? Ando sempre com computer atrás de mim! :)
Falta é outra designação para o abuso criminoso de bebés ou crianças pequenas. Depois há a pedofilia organizada! Coisas diferentes: outras variáveis.
Não sou eu que estou a "proteger", mas os próprios homossexuais: análise ideo-lógica. Muitos são assaltados, amarrados e espancados pelos "rapazes"... :)
Ah!! Que interessante! Muito mesmo!
Mas penso que n sejam "percepções" do que se trata; porque ter propensão para abusar de crianças n será uma questão de perspectiva, senão seria muito mais fácil "curar" pedófilos e, como sabe, n o é.
Será por que os gays que são abusados seriam maioritariamente femininos, mais votados a ser tomados que a tomar, ao contrário dos meninos hetero, que depois quando crescidos, canalizassem a sua energia possante de macho para o abuso?
Sim... violação de bebés é mesmo um crime inefável... :(((
Ui, Papillon
Ou lê-me com atenção e/ou sabe da matéria! Sim, insinuei isso: os rapazes abusados pelos colegas tornaram-se homossexuais adultos efeminados, já deviam ser, e passivos. (Não desejava contribuir para a criação de um novo estigma.) Repare que trabalhamos com "memórias da infância e adolescência".
N sei nada da matéria.
Mas um pouquinho de intuição, atenção, tensão ... chega-se lá.
Sabe que possuímos "bancos de dados" fabulosos e ricos. O problema reside na elaboração de teorias a partir desses dados. Como sou conceptual and experimental designer, tento isso, mas não há verbas para essa pesquisa científica fundamental... Tempo indigente o nosso! :(
"conceptual and experimental designer"... maravilhoso! :)))
Era assim que o meu orientador me designava, bem como os amigos online de equipas estrangeiras.
E então, o meu sorriso - ":)))" - era de aprovação absoluta! O F. é grande, magnífico!
Ui Papillon
Estou vermelho de vergonha e embaraço. A Papillon também é uma cabeça e mente "brilhante". :) (Vou jantar.)
Que momento tão bonito. Verdadeira comunhão, hj que é quinta-feira santa!
Papillon
Já está de férias! Deixo este reparo: os homens heterossexuais que foram abusados sexualmente na infância tendem a tornar-se abusadores, não porque sejam muito "possantes", mas porque foram abusados por MULHERES. Interessante... Sim, muito interessante: humilhação? Quem sabe... Deixo-lhe este problema para solucionar quando regressar! Boa Páscoa.
Já agora deixo-lhe um caso: Uma professora do ciclo básico foi deslocada para algures, longe da sua área residencial, e alugou um quarto ou casa. Por qualquer razão, deve ter perdido e aluguer e precisava comparecer na escola durante ainda muitos dias. Por intermédio de um menino (8 ou 9 anos), seu aluno, arranjou hospedagem na casa da mãe do rapaz. Paradoxalmente, ficou a dormir no quarto do rapaz e com o rapaz na mesma cama. Parece que se embriagava ou fingia e levava o miúdo a apalpar-lhe as mamas, a mamar, a «brincar» com a sua vagina e, por sua vez, «sugava-o todo» (coitado, naquela idade!). O miúdo tenteva espacar dela, mas inicialmente não dizia nada à mãe. Mas não enguentou tal "tratamento" noite após noite e "desabafou". O caso tornou-se visível e não posso contar o triste desfecho.
Quando for adulto, como será este raapaz? Um candidato a abusador? Pelos estudos, este é o seu desfecho mais provável.
See you... :)
Peço desculpa pelos erros ortográficos que escapam...
Ainda estou aqui, vou depois de almoço! :)
Interessante a sua hipótese, mas insuficiente. Porque, o número de mulheres pedófilas é substancialmente menor do que o dos homens... pelo menos segundo os dados disponíveis. Logo, os homens pedófilos teriam de ser abusados sempre pelas mesmas mulheres. No entanto, convém realçar que uma mulher tem sempre acesso íntimo mais facilitado a uma criança, (no caso que conta, duvido que se fosse um professor, do sexo masculino, n dormiria com o menino), o que cria uma margem de erro maior...
Há mulheres que realmente erotizam/sexualizam as crianças, mas é raro. Dificuldades em ter uma vida sexual madura. É isso. Geralmente o pedófilo-tipo tem uma cabeça infantilizada, pelo menos no que diz respeito aos relacionamentos afectivo-sexuais.
Estava a ler a correspondência entre Marcuse e Horkheimer. Afinal, em 1940 e mais qualquer coisa, Horkheimer estava preocupado com a Corrupção e escreveu um texto sobre teoria da Corrupção, que infelizmente não tenho (suponho). Mas pelo que li está muito próxima da minha que tenho exposto aqui. Marcuse reconduz isso a Marx que a explicava pela "mais-valia extra".
Passei a vista pelos escritos inéditos de Marcuse, um dos quais dedicado à Teoria da Mudança Social. Muito interessante a análise que faz desse tema desde os gregos. Os meus mestres são muito actuais: "burocracia sindical" e "elite de escroques". Hummm... Mas torna-se difícil reconciliar tudo... Portugal é muito indigente em termos intelectuais! :(
Pretendia escrever um post dedicado à contralinguagem antes da Páscoa, mas estou sem tempo. Vou adiar, até porque o trabalho de Marcuse feito no FBI fornece novas pistas. A crítica que faz do Estado Soviético pode ser aplicada ao Estado Presente, nomeadamente ao português: Classes corruptas. Além disso, posso retomar Marx e mostrar como os ideais da classe média converteram-se no seu contrário: desigualdade, não-liberdade, injustiça, desemprego, plutocracia, cleptocracia, destruição da educação, etc. O regresso da barbárie! :(
Lembrei-me de outro pormenor: o facto da mulher n penetrar é mais difícil perceber se houve abuso! Daí que as tentativas e consumações de abuso sexual infantil por parte de mulheres, sejam mais dificéis de apanhar.
Adiós!
Claro, Papillon, trata-se de outros tipos de abuso. Mas a hipótese é deveras pertinente. Afinal, as mulheres também dão o seu contributo, já para não falar do abuso das lésbicas (um só estudo bom.)
Adiós!
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