domingo, 30 de março de 2008

Estética e Barbárie Cultural

Nas suas "Teses sobre a Filosofia da História", Walter Benjamin escreveu: «Não há nenhum documento da cultura que não seja também documento de barbárie». Ora, no nosso tempo, a cultura oficializada é a própria barbárie. A teoria crítica é obrigada a rever profundamente a sua estética.
A teoria estética de Marcuse procura mostrar que a arte pode contribuir para a luta desesperada pela transformação do mundo, uma vez que representa o objectivo derradeiro de todas as revoluções: a liberdade e a autonomia do indivíduo. Deste modo, a teoria estética de Marcuse continua ligada à teoria marxista da sociedade, que «compreende a sociedade estabelecida como uma realidade que deve ser mudada». Após o colapso do sistema soviético, as chamadas "sociedades livres" revelam o seu verdadeiro rosto: a corrupção das suas pretensas elites que abusaram do reforço do poder do Estado e das suas tarefas sociais para enriquecer em termos privados. É esta sociedade mais cleptocrática do que democrática que urge transformar, de modo a garantir a qualidade da democracia. A "cultura" destas pseudo-elites é a barbárie. A linguagem política é, actualmente, mentirosa e abusa dos cálculos "falsificados" para credibilizar a mentira. A barbárie também é política: esta geração de políticos sem ideias é o horror.
Contudo, na actual sociedade de consumidores (Hannah Arendt), «os seres humanos administrados reproduzem […] a própria repressão e renunciam à ruptura com a realidade». Nesta situação de integração social e cultural total, tanto a teoria crítica como o seu projecto político são forçadas a mudar teoricamente de rumo. Neste contexto social de ofuscamento e de paralisia da crítica, Marcuse procurou pensar a afinidade e a oposição entre a arte e a praxis radical: «Ambas visionam um universo que, embora provenha das relações sociais existentes, também liberta os indivíduos destas relações». A arte e a política visam a libertação e, nesse sentido, a arte como negação da realidade estabelecida antecipa ilusoriamente um outro princípio de realidade que guia a praxis revolucionária. Para Marcuse, a "sociedade socialista" não resolve todos os conflitos entre o universal e o particular, entre os seres humanos e a natureza, entre os indivíduos uns com os outros: «O socialismo não liberta Eros de Thanatos, nem poderia fazê-lo». Esta incapacidade de vencer definitivamente as forças da morte impele «a revolução para além de todo o estado de liberdade conseguido». Isto significa que a revolução nunca é definitiva, mas sempre permanente. É sempre «a luta pelo impossível, contra o inconquistável cujo domínio talvez possa, no entanto, ser reduzido». Como escreve Marcuse:
«A arte reflecte esta dinâmica na insistência na sua própria verdade, que assenta na realidade social, sendo, no entanto, a sua outra face. A arte abre uma dimensão inacessível a outra experiência, uma dimensão em que os seres humanos, a natureza e as coisas deixam de se submeter à lei do princípio da realidade estabelecida. Sujeitos e objectos encontram a aparência dessa autonomia que lhes é negada na sua sociedade. O encontro com a verdade da arte acontece na linguagem e imagens distanciadoras, que tornam perceptível, visível e audível o que já não é ou ainda não é percebido, dito e ouvido na vida diária».
A arte antecipa um outro princípio da realidade mais livre e pleno, que a praxis radical deve procurar realizar: «A autonomia da arte reflecte a ausência de liberdade dos indivíduos na sociedade sem liberdade». A arte mostra a liberdade negada aos indivíduos pela sociedade repressiva: «Se as pessoas fossem livres, então a arte seria a forma e a expressão da sua liberdade». Mas, como as pessoas não são livres e autónomas, «a arte continua marcada pela ausência de liberdade; ao contradizê-la, adquire a sua autonomia. O nomos a que a arte obedece não é o do princípio da realidade estabelecida, mas a sua negação».
A arte antecipa, no seio da sociedade repressiva, a sua negação, isto é, a sociedade livre, embora de forma necessariamente sublimada e alienada. O que a praxis radical procura realizar é o que já está esboçado na forma estética, embora de forma sublimada e irreal. A arte é, de certo modo, transcendência, portanto, utopia. Mas «a utopia na grande arte nunca é simples negação do princípio de realidade (senão seria abstracta, má-utopia), mas a sua preservação transcendente em que o passado e o presente projectam a sua sombra na realização. A autêntica utopia baseia-se na memória».
Se «toda a reificação é, como afirmaram Adorno & Horkheimer, um esquecimento», então a arte é o contrário de toda a reificação: a arte é memória: memória do sofrimento e do terror. «A arte combate a reificação fazendo falar, cantar e talvez dançar a palavra petrificada. (...) O esquecer os sofrimentos do passado e as alegrias passadas torna mais fácil a vida sob um princípio de realidade repressiva. Pelo contrário, a lembrança estimula o impulso pela conquista do sofrimento e da permanência da alegria».
Porém, sob o princípio de realidade estabelecida, «a força da lembrança é frustrada: a própria alegria é eclipsada pela dor» e pela gratificação. A inexorabilidade deste eclipse da lembrança é uma questão aberta, porque «o horizonte da história ainda está aberto. Se a lembrança das coisas passadas se tornasse um motivo poderoso na luta pela mudança do mundo, a luta seria empreendida para uma revolução até aqui suprimida nas revoluções históricas anteriores».
Nos seus escritos de juventude, Marcuse tinha elaborado o conceito do carácter afirmativo da cultura e, muito mais tarde, reconheceu que uma civilização do prazer pode constituir um obstáculo à tarefa da libertação. Embora não tenha sido sempre claro a este propósito, Marcuse sabia que a gratificação imediata e a educação sem esforço paralisam a crítica e a preparação subjectiva para a Grande Recusa. Ora, este reconhecimento inviabiliza a «dimensão estétca» pensada na sua verdade como a vitória de Eros sobre Thanatos, a qual mais não é do que o próprio domínio de Thanatos. Eros é domesticado e a sexualidade plástica torna-se um obstáculo à luta pela autonomia.
Esta observação crítica aponta para uma outra leitura do pensamento estético e político de Herbert Marcuse, num confronto com as estéticas pós-modernas, levando em conta a estética da recepção de W. Iser e de H.R. Jauss, a teoria da vanguarda de Peter Bürger e a sua crítica da estética idealista, o conceito de soberania da arte de C. Menke, a ideologia estética de Paul de Man e o contributo fresco de Marshall Berman. A noção marcuseana de subjectividade rebelde pode funcionar como fio condutor, desde que reformulada em função dos modelos relacionais do Self, sem cair na tentação sofista do consenso universal de Habermas. Também no domínio estético a teoria crítica precisa mudar de rumo: a arte contemporânea tornou-se um feitiço! A Grande Recusa exige o resgate do Ocidente e a sua libertação dos elementos estranhos!
J Francisco Saraiva de Sousa

22 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Peço que vejam este post como um sinal de mudança de rumo: a teoria crítica não pode alienar o seu poder negativo na arte comercializada! A teoria crítica deve tornar-se fortemente política e apostar na modificação do próprio homem. Dado a arte e a educação estarem contagiadas pelo princípio de realidade estabelecido, a teoria crítica precisa dirigir-se às próprias pessoas, através da Internet.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Noutros posts procurarei elaborar o conceito de barbárie cultural: a cultura burocrática do presente. Um exemplo: mergulhar um crucifixo na urina ou colocar uma retrete no teto não constituem obras de arte. A arte contemporânea é ridícula! E é forjada por candidatos a artistas: reflecte mais um desejo massificado de igualdade do que uma "vocação". Pensamento reaccionário, dirão os esquerdistas! Mas, como tenho dito, a teoria crítica está hoje ao serviço da Civilização Ocidental e, por isso, retoma a tradição, sonhando sempre para a frente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

O princípio da gratificação que norteou a estética frankfurtiana irá ser submetido ao tribunal da crítica política: a teoria crítica tornou-se neste momento de consciência satisfeita crítica da gratificação, portanto, exigência de punição, de modo a libertar a DIFERENÇA!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Mais: a teoria crítica retoma o conceito de AUTORIDADE, aliás associado à TRADIÇÃO. A hierarquia deve ser respeitada: os moçinhos satisfeitos devem ser punidos! A vida só é valorizada quando não é fácil. O trabalho, a competência, o mérito, o esforço, a competição devem ser valorizados. Um Estado que garanta vida sem esforço deve ser criticado. Sim, a teoria crítica retoma o liberalismo e, retomando a teoria de Marx do princípio de equivalência, defende a diferença, a distinção, desde que a igualdade de oportunidades esteja garantida. Estado social mínimo mas eficaz! Liberdade e autonomia, mas não «igualdade».

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Nada é mais dialéctico do que a crítica do Princípio de Identidade! O capitalismo é identitário! A teoria crítica solta a diferença: a igualdade não é um conceito crítico!

E. A. disse...

Bom, para mim fala de duas coisas distintas, porque n acho que a arte tenha intenção de mudar o que quer que seja, n tem que ser política. A arte realmente pode ser subversora e perversora do princípio da realidade, mas não tem, e não deve ter nunca, uma relação afim com a praxis radical. Penso que Marcuse, todavia, atenta a esta distinção capital. Ou, então, não percebo em que sentido elas possam ter relação "análoga". "Politizar" a arte é constranger a sua força e manchar a sua essência.
Prosseguindo na estética, o tópico da "memória" é realmente fundador, como diz Jean Genet: «a obra de arte [...] é oferenda ao inúmero povo dos mortos». É sempre passado, história, lembrança! E memória da "dor" e da sua transformação alquímica em beleza, como diz Nietzsche.
Quando Marcuse opõe a categoria estética do Belo como princípio de prazer à ordem estabelecida, penso que já contenha esta metamorfose da dor em beleza, que se torna prazer estético, e, por isso, não é um elogio à gratificação, certo?
Depois: Marcuse assume a ideia de Belo e opõe-se às manifestações que, desde "A fonte" de Duchamp, são vistas como anti-arte, por não cederem à estética kantiana. Eu também, como o Francisco, tenho reservas quanto à arte conceptual, mas não a recuso de todo. É um desafio. Ao receptor e ao esteta. Não acho que sejam obras sem memória e anestesiadas. Aliás, muitas destas novas formas de instalação lançam questões de hoje, de maneira provavelmente mais incisiva que outras formas mais "tradicionais". A questão reside, talvez, aqui: estas obras de arte são território de conceito, de enunciação, de problema, que antes estava votado à filosofia. (É uma discussão muito interessante, esta da arte conceptual, e por mim não a desprezo, não desprezo nada que me faça pensar e não a relaciono com a "barbárie cultural").
Sobre as noções de autoridade e tradição, parecem cada vez mais frágeis, não é? Ainda ontem li a entrevista de Vattimo em que falava, a determinada altura, que nenhuma perspectiva é "absolutista" (e que, logo, a ciência e a religião poderiam comungar), e o relativismo pós-moderno trouxe isso. A autoridade, agora, parece sempre falaciosa, "relativa", vencida.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Quando falo da estética, refiro-me à teoria crítica da arte. Quando deixou de acreditar na força revolucionária do proletariado, a teoria crítica "refugiou-se" na estética e na arte, como se elas guardassem a "promessa de felicidade". É o caso da "teoria estética" de Adorno. Marcuse vai mais longe, dado parecer exigir uma estetização da vida (A Dimensão Estética). Aquilo que se faz actualmente como arte não é arte. Talvez seja necessário repensar a estética do génio de Kant: arte comercializada, sem talento, é lixo.
Ora, é isso que ponho em causa e, mesmo sem contar com este apoio, volto à política: mudança social qualitativa. Ao mesmo tempo, retomo a crítica marxista da ideologia: aquilo que foi abandonado por Vattimo que sempre assistiu às missas. Retomo a tradição e procuro mantê-la viva: a memória da promessas não-cumpridas. O relativismo não resiste a um ataque dialéctico. Pode ser denunciado como a ideologia das classes dirigentes estabelecidas. A própria verdade pode vir a ser formulada: a "correspondência" da realidade com a teoria que ilumina o futuro. Nesse sentido, a dialéctica pode reclamar a exclusividade, porque é pensamento em devir, o qual recusa colonizar o futuro.

E. A. disse...

Precisamente, tem dois problemas.

Sobre o primeiro: a estética de Kant continua a ser o maior tratado alguma vez escrito, mas desde o princípiodo século XX que apareceram manifestações artísticas que se esquivam ao esquema binário kantiano - isto é belo/isto não é belo. E, Francisco, não deixam de ser arte, apenas reclamam por novas categorias e critérios que devem ser pensados e formulados; aliás se isto não acontecer, então é que contribuímos para a dizimação da arte.

Sobre a teoria crítica apontada ao relativismo como ideologia das novas classes dirigentes estabelecidas, acho que é uma hipótese interessante: a sofística foi combatida e vencida noutros momentos, e, também, era, de certo modo, uma "ideologia" instalada e dominante.

Fernando Dias disse...

É indiscutível a brilhante comnsistência de pensamento crítico de Francisco, tendo como pano de fundo Walter Benjamin, sem necessidade de estarmos sempre emsintonia.

Estou com problema na minha análise acerca da conjugação da estética com a barbárie e tradição. Admitamos que tradição é Samotrácia, e barbárie é tudo o que é estranho a Epidauro. Ora, Souto Moura conseguiu meter a barbárie em Epidauro (onde se inspirou) com a construção do Estádio de Braga. Não tenho nada contra o futebol, mas gostemos ou não temos de admitir que a barbárie é um “elemento” estranho dentro do futebol, cujos modelos de reformulação do self estão em marcha por via da explicação destes fenómenos com os “atractores” estranhos do caos. As multidões de futebol são o paradigma do caos e da barbárie.

Como foi possível Souto Moura ter casado Epidauro com a barbárie, e ainda por cima esta obra de arte ter sido reconhecida Obra Prima neste domínio? Para estarmos em coerência com a tradição deveríamos então regressar a Epidauro e reconhecer que o futebol é a barbárie e sentir-nos-íamos mal se fosse possível vivenciar de novoEpidauro. É por isso que nunca foi nem tenho interesse de ir ao Estádio do Braga concebido por Souto Moura, com o devido respeito.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Amigos

Fui comprar as obras de Peter Sloterdijk. Penso que, a partir da sua teoria da globalização, das esferas e do estranhamento do mundo, posso clarificar melhor o meu ponto de vista.

Papillon

Concordo consigo quando diz que devemos reformular a estética em função das novas manifestações artísticas. Quanto à arte conceptual, pouco tenho a crescentar. Parece-se que a Papillon a identifica com a leitura filosófica da arte. A autonomia da arte não é incompatível com esse trabalho filosófico dos conceitos: sem filosofia a arte permanece "muda".
Quanto à crítica do relativismo, dediquei-lhe uma extensa crítica: "Razão e Sofrimento: Contra os relativismos contemporâneos". Contudo, penso ser melhor suspender a leitura dos filósofos pós-modernos e regressar atrás: às fontes. E, sobretudo, denunciar o primado do NARRATIVO sobre o CONCEPTUAL. Vou dedicar-me a essa tarefa demolindo o narrativo em Ricoeur e em Sloterdijk.

Fernando Dias

A escola de arquitectura do Porto é minimalista e carece de sentido estético e de futuro. O estádio de Braga é pouco confortável, até mesmo para o jogo. Já o vi, mas também ainda não entrei nele. Prefiro o Dragão que mexeu com o urbanismo...
O conceito de barbárie cultural retomei-o de Adorno e Benjamin, mas precisa ser repensado. Quando escrevia o post estava a pensar em Lukács e na sua crítica da reificação: o ponto de vista quantitativo (burguesia) versus o ponto de vista do "proletariado". De facto, a linguagem política é actualmente mentirosa e abusa dos cálculos para credibilizar a mentira. A barbárie é também política: esta geração de políticos sem ideias é o horror! E Marcelo Rebelo de Sousa é o seu comentador! Mas não podemos deixar que os vivos matem pela segunda ou terceira vez os mortos. Memória, testemunho, são conceitos a reter.

Já agora acrescento de a ontologia da obra de arte de Gadamer me fascina: uma teoria das artes processuais (teatro) deveras interessante. Ora, Gadamer trouxe as noções de preconceito, autoridade e tradição para a ordem do dia.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Fernando Dias

Ontem, com o projecto de uma crítica da razão narrativa, esqueci-me que Epidauro é uma cidade que tem um grande anfiteatro, a partir do qual, segundo diz, Souto Moura se inspirou para projectar o estádio de Braga. Portanto, opõe "barbárie" (cultura de massas) que identifica com o futebol, a Epidauro, o símbolo da cultura antiga. Uma memória do passado transposta para o presente!
Deste modo, Souto Moura teria casado Epidauro com a barbárie do futebol, cujas multidões "são o paradigma do caos e da barbárie".
Porém, o futebol traz a "excitação" e pode contribuir para a elaboração de identidades capazes de romper com esta "paz social". É o caso do FCPorto que, no fundo, é o símbolo das forças vivas que lutam contra a corrupção lisboeta. Não é por acaso que inventaram o caso "apito dourado"!

E. A. disse...

Parece-se que a Papillon a identifica com a leitura filosófica da arte.

Então "pareceu-se-lhe" mal. A arte conceptual traz novas questões à teoria da arte ou à estética, dado que se apropriou de uma matéria que era exclusiva da filosofia, que é o conceito e a significação. Por exemplo, a chave de uma obra de arte conceptual costuma ser o título, aquilo que lhe confere sentido é apenas a ideia. A arte conceptual não dispensa a estética, apenas exige mais desta, pois anestesia o juízo de gosto.

sem filosofia a arte permanece "muda".
Não concordo. Acho que arte supera sempre a Filosofia, esta é que emudece diante de determinadas expressões. Como o exemplo acima referido. A arte será sempre livre e um pouco avessa à Filosofia, até. Se reparar, quase todos os grandes artistas "gozavam" com os filósofos, teorizadores ou estetas, por estes abicionarem explicar o inexplicável. E o indizível é sempre da ordem do artístico, é irredutível à teoria.
Ouvir a nona sinfonia de Beethoven, é ouvir Deus; pode-se escrever milhões de páginas sobre o assunto, mas ele será sempre inantigível.

Esse seu texto (sobre o relativismo) está disponível aqui no blog?

Fernando Dias disse...

Será mesmo assim como o Francisco diz, ou será a sua paixão a funcionar? teorias conspirativas?

Estou à vontade porque comecei a ser portista desde Hernâni, Pedroto, Jaburu, Monteiro da Costa, Barrigana... mas depois de uma certa altura que já não me lembro deixei de acreditar anti-vattimamente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon

Acho que não ou está logo no início uma versão deveras incompleta. Penso que já não tenho "separatas".
Adorno tentou mostrar que a arte não dispensa o conceito, embora tenha tentado aproximá-las no mimético. Mas não o acompanho em tudo. Parece-me que muitos artistas confundem um programa estético com uma obra-de-arte: a isso chamo falta de talento.
A filosofia é um empreendimento total: ilumina a realidade e dá sentido. A arte não tem essa capacidade. Basta pensar que sempre que a filosofia se concentra na estética perde credibilidade: mais uma razão para criticar o pós-modernismo.

Fernando Dias

O FCPorto é o único clube que lutou sozinho contra a adversidade nacional e conquistou um lugar no mundo, contra os interesses instalados. Produziu mudança no status quo do futebol nacional. Esta campanha contra o seu presidente atesta-o: Pinto da Costa recita poesia, fala correctamente francês, é um excelente dirigente desportivo... Não vejo essas qualidades nos adversários...

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Papillon

Encaro a Barbárie como um fenómeno de regressão cognitiva e mental, a qual desencadeia essas outras manifestações irracionais. Neste sentido, encaro muitos fenómenos actuais como manifestações "afectivas", com referência às "comunidades emocionais" de Max Weber. A própria autoridade e sua crise refecte esta emocionalidade predominante. Em termos clássicos, trata-se da irracionalidade inerente à racionalização em curso.
(Repare que não sou avesso aos desafios colocados pela arte conceptual.)

E. A. disse...

ahahahah....
e gosta de mulheres, o que lhe causou, talvez, o princípio da desgraça!

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

(Bem, Papillon, sobre a vida privada do presidente, adulterada pela excompanheira, não digo nada. Contudo, até esse livro resulta de uma conspiração contra o FCPorto! Há a versão original adulterada com tinta vermelha no livro difundido.)

E. A. disse...

Mas para o caso, a vida privada tem interesse... judicial. Se é conspiração ou não, não sei. N li o livro, n vi o filme, nem quero ver. Que investiguem e apurem os culpados: ou de corrupção ou de difamação, eles existem!

Bem, sobre a arte vs. filosofia, já sabe que não o acompanho. A filosofia e a arte tentam ambas dar sentido à vida, mas a primeira afasta-se dela e a segunda aproxima-se, mostrando o seu mistério. A arte é para mim (enquanto obra-de-arte, claro está) lugar soberano de verdade que nos invade de prazer na experiência estética. E penso que a Filosofia não deve ignorar este fenómeno. Como aliás, os grandes filósofos o fizeram. Desde Platão, depois Kant, Nietzsche, Heidegger and so on.

E. A. disse...

E Hegel, o seu Hegel!
Passei! :)

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hegel possui a maior "estética idealista" e Lukács também tem uma bela estética, bem como Ernst Bloch.

E. A. disse...

Acho q a melhor é sem dúvida a de Kant.
Hegel tem obsessão pelo sistema... prefiro o que viria a seguir...Mas sim, ele é um grande conhecedor das grandes obras-de-artes clássicas e as suas contemporâneas e analisou-as (especialmente as de literatura), magistralmente.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Hegel foi um dos primeiros a analisá-las e a sua noção de beleza é fabulosa.
Agora vou escrever um post de antecipação aos "Prós e Contra" de hoje: Vou trabalhar a filosofia da educação de Adorno, aliás um pouco no seguimento desta conversa. Volto com novo post. :)