Raramente vejo a TVI. Porquê? Pergunta retórica: a TVI é um folhetim de telenovelas e programas demasiado rascas. Mas, por vezes e às terças-feiras, ouço os comentários de Miguel Sousa Tavares. Hoje (9 de Outubro de 2007) o Miguel disse uma barbaridade contra os utilizadores da Internet, em particular os bloguistas. O seu argumento, apoiado em dois ou três blogues que o difamam, é este: a Internet criou uma nova forma de criminalidade, os crimes «impunes» (sic). A publicação da lista de nomes de pessoas que frequentam sites pornográficos, em particular pedófilos, não é nada interessante e iria abrir um precedente que o próprio Miguel deve condenar. A causa pode ter certa pertinência e deve ser discutida publicamente, mas a medida proposta é um terror. A Internet tem duas faces como o deus Jano: uma boa e outra negra. Tomar a Internet pela sua face negra é um erro atroz: a Internet é uma nova promessa, a garantia de um espaço público onde todos, sem excepção, podem participar e ter direito à palavra. Isto é democracia real, sem mediadores. Querer inibir, de alguma forma, a liberdade oferecida pela Internet é uma tentação antidemocrática. Já existem muitos bloguistas, nomeadamente os chamados «históricos», que usam diversos estratagemas para cercear a liberdade dos outros, de modo a garantir o seu pequeno e medíocre monopólio! A intervenção do Estado ou da União Europeia neste domínio seria catastrófica: as figuras de Maomé mostraram que as pessoas estão a perder o bom senso e que, absorvidas nas suas vidinhas metabolicamente reduzidas, abdicam facilmente da liberdade à palavra. Isto é muito mais preocupante do que o lado negro da Internet que até pode ser controlado discretamente, sem pôr em questão a circulação livre de ideias. Lobo Xavier chamou diplomaticamente «donzela» a Pacheco Pereira, quando este criticava injustamente Pinto da Costa e a sua linguagem. Uma linguagem mais forte, portanto mais masculina e apropriada ao momento, não é necessariamente insultuosa. Quem não está preparado para ser criticado, não deve aparecer em público. Saiam da esfera pública e abdiquem de participar, porque quem participa está sujeito à crítica e ainda bem. Querer controlar a crítica por meios antidemocráticos -- e o recurso aos tribunais pode ser também um meio antidemocrático, é «cobardia» pura, mais vulgar e reles do que aquela exibida pelos bloguistas que insultam anonimamente. J Francisco Saraiva de Sousa
4 comentários:
Miguel Sousa Tavares: Ignore os difamadores anónimos. Dar-lhes atenção é o mesmo que lhes dar importância: são simplesmente crápulas!
Imagino que se MST tivesse vivido no tempo de Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg teria dito a mesma coisa acerca dos livros – numa perspectiva moral, difundem ideias boas e más.
MST não existe! Será que ele não percebe que a exposição pública que tanto o afecta (quando não o elogia) é mesma que lhe abre portas para dizer (e escrever) as baboseiras que lhe apetece e, ainda por cima, ser bem pago por isso?
Sempre gostaria de ver as vendas do Equador se ele o tivesse assinado com um pseudónimo.
Os seus comentários são muito pertinentes. Com efeito, tenho constatado que os auto-intitulados democratas são pouco amigos da democracia. Nunca foram confrontados com «concorrência» e temem perder o «monopólio». Afinal, estão assustados e não acreditam nas suas «competências».
Abraço
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